Sete nomes do Baixo Pinheiros indicam seus lugares favoritos na área

Sete figuras do Baixo Pinheiros , de diferentes tempos do bairro da zona oeste paulistana, indicam locais que gostam na vizinhança.

*

GABRIELA MATTOS
criadora da Quitandoca

Desde os anos 1980, Wilson Galani tem uma barraquinha no largo da Batata. Hoje, sob uma árvore "pata-de-vaca, bom para tratar diabetes", vende ervas medicinais e também sementes.

Ele vai buscar os produtos em depósitos e sabe exatamente que pés há pela região —como um de jatobá, perto do posto de gasolina, que "faz bem para quem tem asma e bronquite, por exemplo".

Gabriela Mattos já comprou ali as sementes de jatobá (R$ 5 cada uma) que usou em receitas para o café da manhã da Quitandoca. Realizado nas manhãs de domingo, o evento é também uma forma de dar vazão aos produtos da loja "agroecológica", evitando perdas. "O jatobá pode ser usado em farinha. O que tem dentro da semente é comestível", diz ela.

Barraca do seu Wilson. Lgo. da Batata. Diariamente, das 9h às 19h

*

PAULO SOUZA
sócio do Nou, do Mano e do Negroni

Em um grupo de WhatsApp, a Quitandoca anuncia semanalmente os produtos que podem compor uma cesta de orgânicos. Há cestas inteiras (R$ 45), com temperos, folhas, legumes e frutas, ou metade de uma (R$ 25). Na verdade, são alimentos "agroecológicos": além de não terem agrotóxicos, vêm de pequenos produtores, que levam em conta a ecologia, e são comercializados de uma maneira justa.

Paulo Souza, do Nou, do Mano e do Negroni, está no grupo virtual. "O trabalho da Quitandoca é de garimpo de produtores, e a gente pode acompanhar pelas redes sociais, ver o processo da venda de produtos frescos com procedência", diz. "É um privilégio ter isso pertinho. E um conforto para o bairro."

Restaurateur e cozinheiro de formação, ele também gosta de fazer visitas à Quitandoca, para pequenas compras, que vão virar um jantar em casa. Mesmo com três casas.

Depois do Nou, restaurante variado aberto em 2008, Souza e seus sócios inauguraram o Mano, lanchonete com hambúrgueres e outros sanduíches, e o Negroni, bar que homenageia o drinque italiano e serve pizzas individuais com massa de longa fermentação, todos no Baixo Pinheiros.

Quitandoca. R. Guaicuí, 53, tel. do delivery 99464-9791. Ter. a sex., das 9h às 20h30. Sáb. e dom., das 10h às 19h

*

PEDRO GRANDO E CHICO FARAH
sócios do Teus

Às segundas, o Teus não abre as portas. Então, as reuniões de escritório são transferidas para um vizinho: o Dô. "Vamos muito no almoço executivo, é difícil encontrar uma proposta que entregue tanto pelo que cobra", diz Pedro Grando. "O peixe é muito fresco e o preço é imbatível."

O almoço em dias úteis tem missoshiro, 11 opções de entrada e nove de pratos -que pode ser um combinado de sushi e sashimi, por exemplo.

"Antes do Teus, íamos muito no jantar, quando os amigos do bairro nos chamavam. Percebemos que é um lugar querido por quem mora aqui."

O Teus, por sua vez, tem em seu almoço pratos do dia (R$ 42), como o franguinho à milanesa com salada de batatas. O preço inclui um couvert e sorvete na sobremesa. A casa, que serve comida reconfortante, fica animada à noite —e nos fins de semana, com longa espera.

Dô Culinária Japonesa. R. Pe. Carvalho, 224, tel. 3816-3958. Menu-executivo (R$ 48, seg. a sex.). Seg. a sex.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sáb.: 13h às 16h e 19h às 24h

*

MARCIO SILVA
bartender do Guilhotina

Foi almoçando no Pirajá, depois de dar uma volta pelo bairro, que o bartender Marcio Silva e seus sócios decidiram desistir de um ponto no Itaim Bibi para alugar o imóvel que os encantou no Baixo Pinheiros.

"Se o Itaim é como Manhattan, aqui é nosso pequeno Brooklin, com restaurantes, cafeterias e bares para você ir encontrando", diz Silva.

A relação do mixologista com o Pirajá começou quando ele integrou a equipe da Cia Tradicional de Comércio, entre 2009 e 2012, à frente do SubAstor. "Gosto do clima de descontração, de sentar na calçada ou no bar para tomar chopes e caipirinhas -até hoje tem uma receita minha lá ['nega é minha e ninguém tasca', com dois limões e rapadura]. E, aos sábados, de comer feijoada."

Depois de trabalhar no SubAstor, o bartender passou uma temporada na Europa. No final do ano passado, abriu o seu Guilhotina. O bar de drinques, alguns com complexas receitas, tem entrada ampla para a rua e uma agradável calçada na Costa Carvalho.

Pirajá. Av. Brig. Faria Lima, 64, tel. 3815-6881. Seg. a qua.: 12h à 1h. Qui. a sáb.: 12h às 2h. Dom.: 12h às 19h

*

ANDRE TARANTINO
sócio do Vinil Burger e da Salumeria Tarantino

No largo onde já se vendeu muita batata, hoje reinam os bares de alma nordestina. Em umas das esquinas está o Coqueiro III, de mesas na calçada (e potente caixa de som), fotos de receitas em luminosos, balcão com estufas recheadas de salgados e cerveja de garrafa bem gelada.

"Costumo ir lá com meus amigos da região, já que o largo da Batata é um ponto de encontro entre bairros", diz Andre Tarantino, do Vinil Burger e da Salumeria Tarantino. "As comidas não são excepcionais, são de boteco. Vou para tomar cerveja gelada. O pessoal é simpático, às vezes tem forró ou outro tipo de música e você está nessa imensa praça popular, perto de tudo."

Como o Coqueiro III, o Vinil está em uma esquina. A pequenina lanchonete, de pedidos feitos no balcão, tem uma lousa com opções de pão, ponto da carne, queijo e salada, para que o cliente defina a receita. E, depois, ocupe a calçada de uma das pontas do Baixo Pinheiros, acompanhado de uma cerveja artesanal.

Coqueiro III. R. Martim Carrasco, 50, tel. 3031-0132. Seg. a dom.: das 6h à 1h.

*

RAFAELA SHORNIK
cozinheira do Caxiri

Se casas pudessem ser primas, seria o caso do Caxiri e do HM Food Café, dizem as meninas do restaurante brasileiro. "Temos uma história parecida. Os dois estão do lado de cá da Sumidouro. Os dois fizeram a própria reforma. Os dois botam a mão na massa e fazem as coisas com amor", afirma Daniela Maia.

Por ali, nesse pedacinho da Ferreira de Araújo ("do lado de cá da Sumidouro"), a cara do bairro é diferente mesmo. Para o comércio, a noite ainda é calma, com negócios distantes uns dos outros. "Não tem isso de parar o carro e ir andando por aí", diz Daniela. Mas se pode ir andando até o café.

"Gostamos muito da proposta do HM, o ambiente é lindo e tem um pão de queijo delicioso, receita de família de um dos donos", diz Rafaela Shornik, que hoje está à frente da cozinha do Caxiri paulistano —a mãe dela, Débora, seguiu para Manaus com a sócia Daniela, onde montaram mais uma casa.

Da cozinha do pequenino restaurante (são 15 lugares apertadinhos), continuam saindo as receitas com ingredientes daqui, como a costela braseada com melaço de tucupi (R$ 50) e o pudim de leite com puxuri (R$ 14).

No almoço, um prato diferente a cada dia. "Comida de quem trabalha tem que ser como a de casa, sem tanta coisa", diz Daniela. "E o bairro ajudou a gente a ir se moldando assim. É uma construção em conjunto."

HM Food Café. R. Ferreira de Araújo, 1.056, tel. 3034-5319. 48 lugares. Seg. a sex.: 10h às 18h. Sáb.: 10h às 16h.

*

MARCELO LASKANI
chef do Più

Marcelo Laskani, do Più, e Caio Ottoboni, do Oui, são amigos que se conheceram por causa da gastronomia. Cozinham juntos em seus restaurantes e têm estilos que conversam entre si, mesmo que apresentem diferentes acentos.

"O Caio faz comida francesa como a que se come na França. Não é turística, de bistrô. É a dos bons chefs de lá", diz Laskani.

O restaurante mudou de endereço recentemente, dentro do Baixo Pinheiros, e está agora em uma casa maior e mais iluminada. Lá, o chef serve receitas como os dadinhos de bochecha de porco com vinagrete de salsa (R$ 27) e sanduíche de camarão e sauce coquetel (R$ 23). "Não é essa coisa boba de brasserie, é uma comida moderna francesa e daqui."

No Più, Marcelo -que já passou por casas brasileiras, francesas e italianas- faz os caldos, molhos e embutidos que compõem as receitas. "Criamos esse restaurante para ser democrático, sem frescura: receber o cara que gosta de comer, tendo dinheiro ou não", diz. Como medidas para não ter um custo fixo alto e viabilizar valores amigáveis no menu, criou um almoço executivo (R$ 48) elaborado quase que diariamente. "Assim, nada estraga e reduzimos as perdas."

Somando isso tudo ao pequeno salão, o resultado é: calçadas ocupadas com a espera da casa.

Oui. R. Costa Carvalho, 72, tel. 3360-4491. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h30 às 23h30. Sex.: 12h às 15h e 19h30 às 24h. Sáb.: 12h às 16h e 19h30 às 24h. Dom.: 12h às 16h.

*

Daniel Almeida
Mapa do Baixo pinheiros
Mapa do Baixo pinheiros
Publicidade
Publicidade