Arquitetos criam casinhas e até "passagem secreta" em armários para cães e gatos

Renato Stockler/Folhapress

A analista de suporte Marly Koto, 40, morava sozinha em seu apartamento de 53 m², no Butantã (zona oeste). Em 2011, decidiu trazer Fred para lhe fazer companhia, mas o gato persa ficava só a maior parte do dia, quando Marly estava trabalhando. Assim, em 2012, chegou a gata da raça himalaio Safira.

Os bichanos logo aprenderam a dividir o espaço. A família vivia em paz e parecia completa até que o shih tzu Ozzy adentrou a porta, em 2015, para colocar um pouco de rock'n roll nessa bossa nova. "Eu sempre quis ter um cachorro", conta Marly.

Ela pesquisou que raça poderia se dar melhor com os gatos, mas os primeiros dias pareciam cenas de "Tom & Jerry". "O filhote é brincalhão, agitado, e os gatos estranharam muito. Ele perseguia os dois, que corriam para baixo da minha cama, mas sempre eram alcançados. Com medo, ficavam isolados na varanda fechada e até deixaram de usar a caixinha de areia." A relação melhorou com o adestramento de Ozzy, mas Marly percebeu que Fred e Safira precisavam se sentir mais seguros. Assim, ela, que nunca havia pensado em reforma, encarou uma transformação completa do apartamento, em que cada detalhe foi pensado para a harmonia entre os "filhos".

O projeto foi elaborado por duas designers que se especializaram em soluções para ambientes com pets: Daniella Stecconi, cuja primeira formação é biologia, e Simone Fogassa, dona de um gatil.

"A princípio, pets e decoração são inimigos, mas isso acaba com adestramento e um projeto que leve os humanos e os animais em consideração", explica Daniella.

Na casa de Marly, elas se concentraram em criar refúgios para os gatos. A estante da sala virou um bunker. Vários nichos, de diferentes alturas, abertos ou fechados, se interligam por passagens internas. Até atrás da TV eles podem passear sem o risco do contato com os fios. O aparelho foi instalado em um painel pivotante e, por trás dele, formou-se um corredor para Fred e Safira.

Além disso, a varanda, a sala e dois quartos do apartamento são cercados por prateleiras em diferentes alturas -nenhuma ao alcance de Ozzy!- e por pontes pênseis. Nem as paredes são limites para o "circuito aéreo".

Pequenos buracos foram feitos para que os gatos possam pular de um cômodo para o outro. No quarto das "crianças", um papel de parede com árvores confere um ar "selvagem" ao circuito de prateleiras e pontes. Em cima de um balcão, um nicho com uma pequena porta esconde a caixinha de areia, dando privacidade para Fred e Safira usarem o banheiro e reduzindo o odor.

Ozzy também teve seus benefícios: um móvel da sala funciona como mesa de canto e casinha para ele. Por uma porta, acessa os brinquedos e a cama, mas o que ele gosta mesmo é da cama da "mãe". Como tem dificuldades para alcançá-la, ganhou uma escadinha, embutida no criado-mudo. Afinal, como disse certa vez um político, cachorro também é gente.

*

PROJETO
Decor In - Interior e Design
Daniella Stecconi e Simone Fogassa
Tel. 3733-4437 e 4105-1946

Publicidade
Publicidade