"A cidade pode ser bela", avisa a frase estampada na escadaria que liga a rua Teodoro Sampaio à rua Joaquim Antunes, em Pinheiros, na zona oeste.
Naquela intersecção, de fato, São Paulo é mais iluminada, segura, limpa e colorida. As paredes embaixo do viaduto foram cobertas por grafites do artista austríaco Nikos. Os postes decorados são obra dos alunos de arte da professora Ana Tatit.
Algum tempo atrás, a mesma escadaria era úmida, sinistra e tinha cheiro de xixi. O local era temido por conta dos assaltos ocorridos nas redondezas.
Por trás da mudança está o grupo de vizinhos da Amja (Associação dos Moradores da Joaquim Antunes), que se reuniu no ano de 2000.
Atualmente, a associação tem oito membros ativos e moradores que também atuam como colaboradores. Nessa categoria figura a ilustradora Maíra Mendes, que cobriu paredes com imagens de pássaros e escreveu a frase que inicia esse texto. "Queríamos passar uma mensagem positiva", explica ela.
A escadaria ganhou nome: Mirthes Bernardes, em homenagem à artista que, em 1965, venceu um concurso da prefeitura com o contorno estilizado do mapa de SP, usado como padrão de pavimento de muitas calçadas. Na Joaquim Antunes, os mapinhas viraram mosaicos produzidos pelo coletivo Mosaico Paulista.
Claudete Martins, do conselho fiscal da Amja, faz parte do grupo. "Desde que colocamos o mosaico, não tivemos mais problema com pichação."
A associação também é responsável por coordenar mutirões de limpeza, vigiar a iluminação, organizar poda das árvores e instalar lixeiras nos postes.
O grupo faz ainda a interlocução entre os moradores e a esfera municipal. O dinheiro para a subsistência da associação vem de doações: são cobrados R$ 6 por apartamento de cada morador cadastrado.
Atualmente, oito prédios da vizinhança aderiram integralmente à contribuição, além de uma casa, alguns estabelecimentos comerciais e apartamentos de outros edifícios. "Conseguimos mais adesões a cada dia", diz a presidente da Amja, Denise Carollo.
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