Consultora ambiental ensina português a refugiados e ajuda a integrá-los em São Paulo

"A gente não escolhe onde vai nascer. Mesmo com todos os problemas, temos muita sorte de ser brasileiros." A consultora ambiental Rafaella Ferraz Ziegert, 27, sabe do que está falando. Desde 2013 ela atua como voluntária na ONG Adus, que tem como missão auxiliar refugiados nos primeiros passos para sua integração em nosso país.

O Brasil tem, atualmente, 9.552 pessoas que conseguiram refúgio, de 82 nacionalidades diferentes. De onde chegam essas pessoas buscando reconstruir aqui sua vida? Em primeiro lugar, da Venezuela (3.375 pedidos de refúgio no ano passado). Em segundo, Cuba (1.370), seguida por Angola, Haiti e Síria.

O Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), do Ministério da Justiça, diz que no ano passado recebeu 10.308 requisições de refúgio. "Todo dia tem gente nova chegando. As maiores necessidades são moradia e emprego", diz Rafaella.

Ela começou seu trabalho na Adus dando aulas de português. Hoje, é a coordenadora do programa Mente Aberta, que ajuda os recém-chegados a se comunicar na língua local e aproveita o potencial deles para que ensinem aqui seu idioma. Os cursos são oferecidos na sede da Adus (na avenida São João) ou em domicílio, com aulas particulares. "O idioma é uma grande dificuldade, junto com a falta de informação das pessoas, que ajuda a gerar preconceito."

Um tempo atrás, Rafaella acompanhou uma família em situação especialmente vulnerável. Era um grupo vindo da República Democrática do Congo: pai, mãe, quatro crianças e mais uma por nascer.

"Aquilo virou uma relação de amizade. Criamos laços muito fortes", conta a jovem.

O bebê nasceu, menino, e puseram-lhe o nome de Rafael. "Quando vieram me contar, fui tomada por grande emoção. Não há o que pague uma coisa dessas. Se a gente tem possibilidade, por que não ajudar?", pergunta Rafaella.

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