Engenheira dá de comer a famílias de gatos abandonados no parque da Aclimação

Capuccino, Fubá, Quindim, Flor, Maria, Ginger, Polenta, Mingau e Pudim são alguns dos cerca de cem gatos sem dono que vivem no parque da Aclimação.

A turma toda foi batizada por Jacy Lins, a engenheira que, faça chuva ou faça sol, os alimenta todos os dias há 13 anos. "Nunca faltei", diz. "Eles [os gatos] me reconhecem. Alguns se aproximam, outros não. Prefiro que sejam mais arredios mesmo. Os mais mansos ficam sujeitos à maldade e ao ataque dos cachorros", complementa.

O ritual diário de Jacy começa uma hora antes de o parque fechar —atualmente, os portões são cerrados às 20h. Assim que ela chega com suas sacolas, nas quais estão água limpa e ração, os gatos da primeira "família" (na entrada pela rua Muniz de Souza) já vão aparecendo. Ela os saúda e os alimenta. Os que se enrolam nas suas pernas ganham um cafuné.

Jacy vai levar mais de uma hora e meia para fazer o percurso do lago, contorno feito normalmente em 15 minutos. Ela —e apenas ela— sabe identificar o ponto de cada "família", como chama os diferentes grupos em que os bichanos se dividiram. De muitas dessas famílias Jacy conhece várias gerações.

"Aquela gata é mãe daquela outra e avó daquele gato rajado", aponta. Alguns dos animais ela viu nascer ali. Outros foram abandonados e se uniram em colônias seguindo alguma lógica da natureza felina.

"Num abandono recente, foram deixados uma gata e dois filhotinhos que estavam sendo comidos por formigas." Esses ela levou para casa até que pudessem se defender.

Os dois gatinhos acabaram sendo adotados. A mãe, depois de castrada, foi solta no parque.

Vez ou outra, Jacy recebe ajuda. Um grupo de amigos colabora com caronas e o custo da ração (cerca de 300 kg por mês). Quando há gatos doentes ou feridos, uma veterinária atende voluntariamente.

"No fim de tudo, fico contente com esse trabalho", afirma Jacy. "Às vezes penso que esses gatos dão mais a mim do que eu doo a eles."

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