Estações da linha 5-lilás previstas para agosto têm cúpulas de vidro e 'chuva' no subsolo

No túnel escavado 30 metros abaixo da avenida Santo Amaro, bate um vento frio, leve e continuo. Pronto há meses, ele aguarda a instalação de sistemas e o término das estações para começar a receber os trens da linha-5-lilás do Metrô, que farão a ligação entre Capão Redondo e Brooklin em 30 minutos.

Segundo a estatal, em agosto serão abertas três novas estações deste ramal. A Brooklin é a mais avançada: está praticamente pronta, com placas e catracas.

As outras duas, Alto da Boa Vista e Borba Gato, também na Santo Amaro, demandam mais trabalho. Elas já têm pisos e escadas mas, como a sãopaulo presenciou, em uma visita na terça (18), dezenas de operários revezam turnos para colocar fios, revestimentos e outros itens. Por enquanto, a poeira acumulada nos vidros serve para registrar provocações entre os trabalhadores, como "Peppas (Palmeiras) sem Mundial".

O projeto das novas estações busca meios para que a luz do dia e o ar fresco desçam ao subsolo, de modo a economizar energia. Na Brooklin, fossos imensos em forma de meia-lua se estendem do chão ao subsolo.

"Da plataforma, vai dar pra ver até a chuva cair", diz Michel Mastaler, engenheiro do Metrô. "Mas ninguém vai se molhar."

No nível da rua, essas aberturas foram cobertas com grades e cercadas por novas praças, que serão abertas ao redor das entradas das estações. Os acessos principais são cobertos por enormes cúpulas de vidro, que trazem novas formas ao cenário do bairro.

"As praças serão muito úteis, porém, precisaremos ver quem irá ocupá-las. Já temos o problema de pessoas se instalando na [avenida] Roberto Marinho. Será preciso cuidado para isso não acontecer lá", aponta Pietro Iaconelli, 66, presidente da AEMB (Associação dos Empreendedores e Moradores do Brooklin), sobre a possibilidade dos novos locais atraírem grupos sem teto.

Moradores, comerciantes e trabalhadores locais aguardam com ansiedade a chegada das novas estações. A espera já dura 15 anos.

"Desde a abertura da estação no Largo 13, em 2002, cobramos a expansão da linha junto ao governo", explica Luiz Augusto Barbosa, presidente da Distrital Sul da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Em 2011, denúncias de fraude na licitação levaram a Promotoria a pedir a suspensão dos contratos. Porém, o Tribunal de Justiça liberou a obra, iniciada em 2012. Há um mês, a Camargo Corrêa reconheceu, ao negociar um acordo judicial, que houve formação de cartel.

Ao todo, a ampliação de 11,6 km e 11 estações custou R$ 10,4 bilhões. Após crescer, a linha 5-lilás deverá transportar 800 mil pessoas por dia, segundo projeções do Metrô. Hoje, leva em média 249 mil.

"A maior parte dos moradores de bairros do extremo sul faz suas compras na região de Santo Amaro. Agora, eles chegarão mais rápido", diz Barbosa, da ACSP. No entanto, o comércio em torno das novas estações sofreu nos últimos anos.

"Esse quarteirão era repleto de negócios. Com o impacto das obras e da crise, só ficaram minha loja e uma farmácia", conta Marcia Djanikian, 56, que vende calçados perto da futura estação Borba Gato. "Um hortifrúti aqui ao lado fechou depois que o chão dele rachou por causa da obra."

O Metrô fez reparos nos imóveis danificados e atribui a demora na expansão à crise. "Muitas empresas estão em situação financeira difícil e não conseguem cumprir o que foi contratado. Fazemos um acompanhamento de perto para manter o cronograma", explica Paulo Menezes, presidente da estatal.

A expansão fará a linha 5-lilás se conectar, finalmente, ao resto do metrô. A previsão é que isso ocorra em dezembro, quando as estações Santa Cruz (junto a linha 1-azul) e Chácara Klabin (linha 2-verde) devem começar a operar.

O governo promete outras ampliações nos próximos meses, nas linhas 4-amarela, 15-prata e 17-ouro. Já duas linhas, a 6-laranja e a 18-bronze, não têm mais data de entrega. O subsolo de bairros como Perdizes e Bela Vista seguirá silencioso por um bom tempo.

TRANSPORTE ESTAGNADOMetrô atrasa novas linhas e extensão de atuais ramais

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QUANDO O METRÔ PLANEJA ABRIR AS NOVAS ESTAÇÕES

LINHA 4-AMARELA
+ 4 estações

dez/17
Oscar Freire
Higienópolis Mackenzie

jul/18
São Paulo-Morumbi

nov/20
Vila Sônia

-

LINHA 5-LILÁS
+ 10 estações

ago/17
Alto da Boa Vista
Borba Gato
Brooklin

dez/17
Eucaliptos
Moema
AACD-Servidor
Hospital São Paulo
Santa Cruz (conexão com a linha 1-azul)
Chácara Klabin (conexão com a linha 2-verde)

dez/18
Campo Belo (conexão com a futura linha 17-ouro)

-

LINHA 15-PRATA (monotrilho)
+ 9 estações

mar/18
São Lucas
Camilo Haddad
Vila Tolstói
Vila União
Jd. Planalto
Sapopemba
Fazenda da Juta
São Mateus

mar/21
Iguatemi

-

LINHA 17-OURO (monotrilho)
8 estações (ramal novo)

jul/19
Morumbi (conexão com a CPTM)
Chucri Zaidan
V. Cordeiro
Campo Belo
Ver. José Diniz
Brooklin Paulista
Congonhas
Jd. Aeroporto

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SEM PREVISÃO DE ENTREGA

LINHA 6-LARANJA
Da Brasilândia a São Joaquim, terá 15 estações.

Obras paradas desde setembro, por problemas de financiamento.

-

LINHA 18-BRONZE (monotrilho)
De Tamanduateí a Djalma Dutra, terá 13 estações.

Já está licitada, mas obras não foram iniciadas

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