Produtora audiovisual lança coletivo para gerar conteúdo pensado por mulheres

Há cerca de um ano e meio aumentou o vaivém de mulheres na sede paulistana da produtora audiovisual Conspiração. Isso porque a casa nos Jardins, na zona oeste, tornou-se o QG de um novo projeto, o coletivo Hysteria –o nome vem de "Hystera" ou "Hysteros", útero em grego. A ideia é clara: produzir conteúdos criados por mulheres.

"Não é necessariamente para e sobre mulheres. Porém, é feito por elas. O que nos interessa é a visão feminina sobre diversos temas", afirma Renata Brandão, 38, CEO da produtora. "Brincamos que o nosso maior desejo é que uma marca de carro, de cerveja ou de uísque nos patrocine. Adoramos moda, beleza e culinária. Mas nossos interesses vão além", completa.

Renata encabeça um time de nomes como as diretoras Carolina Jabor e Carolina Albuquerque. Ao todo, seis mulheres formam o grupo, além de uma rede de colaboradoras.
De acordo com a executiva, a vontade de elaborar a empreitada surgiu de um olhar para o mundo e para o próprio setor audiovisual. "Se existem 400 diretores atualmente no mercado, não temos 20% que são mulheres", afirma ela.

O principal canal do Hysteria é uma plataforma, lançada na última terça-feira (21). O site (hysteria.etc.br ) une materiais para serem lidos, vistos e ouvidos.

Haverá séries, curtas, minidocumentários, videoreportagens e programas, como a segunda temporada da série "O Nosso Amor a Gente Inventa", da apresentadora Sarah Oliveira, com direção da cineasta Vera Egito, e o programa "Tudo", no qual a atriz Maria Ribeiro aborda assuntos diversos, como casamento e drogas.

As produções, porém, extrapolam a plataforma digital. Estão no radar um festival de música, uma mostra de filmes e uma série erótica, "Desnude". Baseado em depoimentos de mulheres, o programa de dez episódios dirigido por Carolina Jabor e Anne Guimarães será exibido a partir de março do ano que vem no canal GNT.

O universo pornô sob a perspectiva feminina também será explorado em um trio de curtas, que, por enquanto, está sem data de lançamento. Um deles, "Amores Líquidos", dirigido por Carolina Albuquerque e Isabel Vieira, terá o Carnaval como pano de fundo.

"A pornografia é uma expressão feminina gigantesca. O problema é que as mulheres sempre foram objetificadas nesse tipo de produções", expõe Renata. "Elas gostam de consumir pornografia, a questão é que não se sentem representadas."

Além de produzir conteúdo, o Hysteria pretende realizar a curadoria de trabalhos feitos por mulheres. "Ansiamos ser um hub de ideias com uma grande rede de colaboradoras", diz a jornalista Isabel de Luca, 42, que integra o coletivo. "Queremos corrigir algumas disfunções que as expressões audiovisuais tiveram nos últimos anos sem a real presença feminina como protagonista criativa", conclui Renata.

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