Trupe de palhaças Circo de SóLadies faz rir e pensar com humor afiado sobre situação feminina

Adivinha o que a pombinha branca está fazendo? Lavando roupa para o casamento coisa nenhuma.

As palhaças do Circo de SóLadies resgataram a pombinha e a mulher do sapo cururu de seu destino supostamente feminino de ficar lá dentro fazendo rendinha e as liberaram para ir cuidar da vida. Não foi só isso que elas subverteram.

Verônica Mello, Kelly Lima, Lilyan Teles e Tatá Oliveira, ou as palhaças Úrsula, Greice, Xamanga e Augustina, querem fazer rir, mas não fazendo graça de graça.

A situação da mulher está no centro da questão de todo o humor do grupo, fundado em 2013. "O mercado do riso pertence ao homem, nós criamos brechas para falar do que queríamos", diz Verônica, que se formou em artes cênicas na Unicamp.

Lilyan e Tatá também são atrizes e músicas –ambas tocam acordeão–, Kelly é formada em jornalismo. "O palhaço é você mesma num estado expandido. A máscara te dá permissão para transgredir as normas sociais", diz ela. As próprias meninas, que ensaiam num galpão na Barra Funda (zona oeste da capital paulista), são uma amostra diversificada do universo feminino.

Tatá e Verônica são um casal; Kelly foi mãe bem cedo e hoje já é avó; Lilyan é negra, com cabelo black power. "A mulher negra ainda é muito silenciada. A gente mal consegue falar da nossa realidade, imagina então rir dela."

O atual espetáculo, "Choque Rosa", venceu edital do ProAC (programa de incentivo à cultura do governo estadual) e mistura a história de "mulheres que vieram antes", entre elas a psiquiatra Nise da Silveira e a bisavó da Tatá, que partiu numa viagem de trem e nunca mais voltou. Deixou para trás o marido e três filhos. A pombinha linda, que está podendo, não quis saber de nenhum casamento. Foi se arrumar, foi se trocar e foi para a balada pra paquerar.

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Choque Rosa

Quando: segunda (25), às 16h
Onde: praça Miguel Dell'Erba (Terminal Lapa)
Duração: 50 minutos
Classificação: livre
Entrada: gratuita

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