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Lília Cabral volta aos palcos do Rio com a comédia "Maria do Caritó"
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TETÉ RIBEIRO
DE SÃO PAULO
Depois de duas personagens sofridas NA TV, Lília Cabral volta aos palcos do Rio com a comédia "Maria do Caritó".
Nessa peça, você faz uma virgem de quase 50 anos. Essa situação é trágica ou cômica?
É cômica para a plateia e para quem não é mais virgem. É o maior drama da personagem. Mas ela tem muita esperança, acredita que, um dia, vai sair do caritó.
Jorge Bispo |
Em conversa com Serafina, atriz Lília Cabral conta como foi interpretar virgem de quase 50 anos na peça "Maria do Caritó" |
O que é o caritó?
É um termo antigo do Nordeste que virou gíria. Caritó é uma prateleira alta, para guardar coisas delicadas ou que podem machucar, é para as crianças não alcançarem. E, quando a mulher passa dos 30 ou 40 anos e continua virgem, eles dizem que ela foi pro caritó, está lá guardada, sem uso.
Uma virgem de 50 anos tem de lidar com dois grandes dramas, a solidão e o envelhecimento. Qual a assusta mais?
Não tenho medo da solidão, sou filha única de pais bem mais velhos e percebi logo que tinha de dar um jeito de me divertir sozinha ou iria virar uma chata. O envelhecimento físico é mais complicado, ele nos lembra, diariamente, que o final dessa história é a morte.
Já mentiu a idade?
Numa época, saiu na imprensa que eu tinha um ano a menos, e eu deixei (risos). Agora digo minha idade [53]. E não precisa ninguém dizer "não parece", outra bobagem. Acho horrível quem mente, vejo colegas fazendo isso e fico com vergonha.
Faz alguma coisa para parecer mais jovem? Plástica, botox, preenchimento?
Nada. Acho esquisito. Não gosto da ideia de mexer na cara. Nunca vou repuxar, nem preencher, nem paralisar coisa nenhuma. Outro dia li uma coisa hilária: a verdadeira plástica é a viuvez, isso, sim, rejuvenesce uma mulher.
Já sabe alguma coisa sobre a próxima novela de Aguinaldo Silva, da qual você vai ser a protagonista?
Muito pouco, mas já trabalhamos juntos três vezes [em "Vale Tudo", "Pedra sobre Pedra" e "Tieta"] e confio muito nele.
Sua última novela, "Viver a Vida", foi bastante criticada, mas você saiu ilesa. Qual o segredo?
Dou uma grana para os críticos (risos). A novela era difícil, mas a minha personagem tinha muito apelo, uma mãe cuja filha fica tetraplégica. E, quando pego um personagem, eu me dedico a ele, estudo, não fico só no texto. Minha ambição é ser excelente e trabalho muito para isso.
Antes disso, você fez "A Favorita", um de seus maiores sucessos na TV, em que sua personagem apanhava do marido. Acredita que o público de TV prefere histórias sofridas?
Acredito, sim. História de gente feliz não dá certo na TV. Mas, no meio das duas novelas, eu fiz o filme "O Divã", que era muito divertido. Foi um alívio, eu ficava abalada com as cenas de violência em "A Favorita", e minha filha mais ainda. Na primeira vez que ela me viu apanhando, pediu que eu nunca mais fizesse um papel assim. Detestou ver a mãe ser humilhada na TV.
Acompanhou na imprensa a polêmica das palmadas? Qual a sua posição?
Dei umas palmadas na bundinha da minha filha, confesso. De leve, e poucas vezes. Hoje ela é uma adolescente maravilhosa, não houve nenhuma consequência traumática nem para ela nem para mim.
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