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13/10/2010 - 13h42

Desnível entre asfalto e tampas de bueiros vira obstáculo nas ruas da cidade

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GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

O borracheiro Marcelo Pereira, 29, está acostumado. Toda semana, algum motorista revoltado com o pneu rasgado por causa de uma cratera aparece na oficina dele, na Mooca (zona leste). Nem sempre é porque uma vala se abriu no asfalto após um temporal.

Tampas de bueiros em desnível com o piso também são capazes de fazer estragos. Basta dirigir alguns quilômetros pela cidade e a sensação será de estar numa corrida com obstáculos. No caminho, sempre há um bueiro pronto para desalinhar ou amassar rodas.

A Prefeitura de São Paulo e a Sabesp (companhia de saneamento de São Paulo) ficam sempre diante de uma bola dividida na hora de fazer o serviço. Desde o início do ano, existe uma parceria nas obras de recapeamento- empresas terceirizadas da prefeitura fazem o nivelamento dos bueiros dos dois órgãos.

Newton Santos/Hype
Obstáculo causado por desnível entre tampa de bueiro e asfalto na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste
Obstáculo causado por desnível entre tampa de bueiro e asfalto na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste de São Paulo

O mesmo não vale se a Sabesp abre uma cratera para fazer reparo na rede --quando a companhia tem a obrigação de cuidar do asfalto. No fim, sobra para o motorista ou motociclista.

A sãopaulo percorreu ruas da cidade e encontrou dezenas de "bueiros-crateras", com desníveis de até dez centímetros. As depressões podem ser consequência de serviços malfeitos ou da degradação natural do asfalto. Eles estão abaixo do nível do asfalto ou acima dele --quando o motorista se depara com lombadas.

Muitas vezes, para nivelar o bueiro com a pista, as tampas de metal são cobertas por uma camada de asfalto. Em março, funcionários da prefeitura precisaram usar detectores de metal para achar as tampas e limpar as galerias na região do Brás.

Segundo Alfredo Petrilli, do Sinecesp (sindicato da indústria da construção pesada de SP), existe um "jogo de empurra" entre prefeitura e terceirizadas. "Na maioria dos serviços, a empresa faz o recapeamento e não levanta o poço de visita [bueiro], diz que não foi contratada para isso. E a prefeitura diz que a empresa tem a obrigação de levantá-lo. Mas, normalmente, o contrato do recapeamento não inclui o levantamento do poço", diz.

A engenheira e professora da USP Liedi Bernucci explica que, nos recapeamentos, tira-se o asfalto antigo e coloca-se o novo: "Dependendo da solução usada para fazer o pavimento, [o bueiro] pode ficar mais baixo, então causa o degrau", diz.

Bernucci diz que, nos casos em que a Sabesp abre um buraco para manutenção, o procedimento é mais complicado. "É difícil chegar ao mesmo grau de compactação que estava o pavimento, porque ele é feito com equipamentos pesados. Por isso, tem que escolher materiais modernos que não são deformáveis."

Rodas amassadas, amortecedores quebrados e pneus rasgados são os estragos causados por bueiros. E os desníveis provocam acidentes. Ao desviar de um buraco, o motorista pode causar uma colisão. Um motoqueiro pode cair. "A boa qualidade do asfalto ajuda a evitar esses acidentes", diz Antonio Gaspar de Oliveira, do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de São Paulo).

A Secretaria das Subprefeituras informou que empresas terceirizadas para recapeamento são responsáveis pelo nivelamento das tampas da prefeitura e da Sabesp. A companhia diz que, nos casos em que há problemas no bueiro que dificultam o trabalho, realiza a manutenção e executa o nivelamento da via.

Novos buracos

1. Em 15/9, um dia após o recapeamento, a rua Coronel Melo de Oliveira, em Perdizes, tinha as tampas dos bueiros quase 10 cm abaixo do asfalto. Os buracos permaneciam assim até o último dia 5

2. Na av. Brigadeiro Faria Lima, no Itaim Bibi, a tampa ganhou uma camada de asfalto para amenizar o problema

3. Na zona norte, dois bueiros estão lado a lado no cruzamento das ruas Francisco Rodrigues Nunes e Eulálio da Costa Carvalho, no Limão. Um está elevado (foto) e o outro virou um buraco

4. Na avenida São João, no centro, os bueiros viraram crateras. Nem o carro da CET escapou

"Voei de peixinho ao cair em bueiro"

Motoboys também são vítimas em potencial dos bueiros. Uma roda amassada e alguns ferimentos foram o resultado de um acidente com o motoqueiro Claudio Rezende Vicente, 42, que caiu da moto por causa
de um bueiro na Mooca, zona leste. "Era noite já e eu não enxergava muito bem, por isso não vi o buraco. A roda enganchou e eu voei de peixinho", lembra Vicente. Segundo ele, além de estar abaixo da linha do asfalto, o bueiro estava sem tampa.

Evitar desníveis após recapeamentos de ruas é possível com uma pequena obra no bueiro

1. Após a obra, a área onde está o bueiro é isolada. A tampa e o apoio são removidos para que seja feito o "alteamento", com tijolo e argamassa, para nivelá-lo com o asfalto

2. Em seguida, o apoio tem que ser novamente chumbado no pavimento. Os operários devem preencher a lateral do bueiro com concreto para evitar vazios

3. A rua deve ficar 24 horas sem tráfego para a secagem completa da argamassa e do concreto


Fonte: Liedi Bernucci, professora da USP, especialista em pavimentação

 

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