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Paulistanos invadem Punta neste verão
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ADRIANA KÜCHLER
DE PUNTA DEL ESTE
Martín Pittaluga, dono de um dos restaurantes mais badalados da badalada Punta del Este, o La Huella, pede para os funcionários descreverem o cliente paulistano: "Amável, mas ansioso", diz um garçom. "Difícil, porém um bom cliente", disfarça a gerente.
Cheio de dedos, o pessoal do La Huella, na praia hippie chic de José Ignacio, está aprendendo a lidar com a clientela impaciente de São Paulo, que invadiu o local neste verão. "Eles são exigentes com o horário, só que reservam mesa para oito e chegam aqui em 18 pessoas. Primeiro, ficávamos nervosos. Agora, nos acostumamos e nos organizamos quando eles vêm."
O esforço não é em vão, garante Martín. Os paulistanos gastam muito mais que os argentinos (habitués tradicionais do balneário, que estão perdendo espaço para o pessoal de São Paulo) e os nativos uruguaios.
Galeria Experiência/Folhapress |
Cabo Polônio, no Uruguai: farol e lobos-marinhos |
Até os flanelinhas -raros em Punta, mas presentes ali- abrem "una sonrisa" para o novo invasor, conta Fernando Hatano, o sushiman gaúcho do local. "Dizem que os paulistanos dão 1.000 pesos [R$ 84] de gorjeta enquanto o resto dá 100 [R$ 8,4]."
Não há dados sobre a quantidade de paulistanos em Punta. Mas é notória a presença deles por todos os cantos, dos restaurantes às baladas, da areia aos hotéis sofisticados. Na primeira semana do ano, 60% dos hóspedes em hotéis eram do Brasil contra 20% da Argentina. Nos restaurantes, é fácil achar uruguaios arranhando o português, e várias lojas aceitam reais.
Além da já batida fama de balneário luxuoso e dos cassinos, outros motivos têm arrastado uma legião de paulistanos não só para se hospedar, mas para comprar propriedades por ali: segurança, sol (sem chuva!), a proximidade de SP e um novo hotel Fasano, que se instalou por lá há um mês.
Outro dono de restô, desta vez o moderninho Sipan, de comida peruana, ficou tão entusiasmado com a presença dos clientes paulistanos em praias uruguaias que decidiu abrir uma filial em São Paulo. "O argentino é o pior cliente. Vê o cardápio e reclama. Esquece que está em Punta. O paulistano olha o menu, sabe que é caro e pede mesmo assim", diz Jose Mendivil, que oferece um pisco sour, drinque peruano, a 500 pesos (R$ 42).
Campos do Jordão praiana
O mar é gelado em Punta, mas ninguém parece se incomodar. Existe inclusive uma comunidade de brasileiros, instalada no campo, na parte "Toscana" do balneário, que nem faz tanta questão de ir à praia. Um pequeno grupo (com grandes propriedades) que agora se reúne em torno do novo Fasano Las Piedras.
O hotel e seu terreno de 500 hectares (cerca de 700 campos de futebol) ficam numa fazenda a apenas 9 km da Barra, uma das praias mais agitadas. Idealizado pelo arquiteto Isay Weinfeld, tem 32 bangalôs que se misturam às pedras da paisagem. As diárias vão de US$ 850 a US$ 1.300 (R$ 1.418 a R$ 2.168). Além dos chalés, o empreendimento terá casas à venda, campos de golfe e de polo.
Rogério Fasano, que não havia voltado a SP desde a inauguração do hotel, convida a reportagem para passear de barco pelo rio Maldonado, que passa pela propriedade e chega ao mar. Enquanto pede o protetor solar emprestado, fala sobre as razões de ter escolhido a região como o primeiro tentáculo do grupo fora do Brasil. "Não dá pra ir ao litoral norte. Tá cheio de favela, não tem segurança. Nunca ouvi falar de assalto em Punta. Aqui, deixo o carro aberto com o relógio dentro. E dou carona direto."
Rogério acredita que o hotel pode atrair ainda mais paulistanos, "como atraiu para o Rio". "Punta fica vazia no inverno, mas aqui no hotel é campo. É como ficar em Campos do Jordão."
Imigração de gente bacana
A relações-públicas de São Paulo Sonia Gonçalves, que também tem casa por lá, é uma espécie de RP na região. Indica os restaurantes e lugares "top", como dizem os uruguaios, e leva a revista para conhecer a estância de Mario Cohen, presidente do Instituto Auditório Ibirapuera e um dos primeiros brasileiros a se instalar ali.
Ex-diretor da Globo, Mario diz que a imagem de Punta que chegava a SP o deixava triste. "Era a do cassino Conrad, do pessoal que joga, do Amaury Jr.. Agora, esse perfil mudou", conta. "Tem uma nova imigração de gente bacana."
Mario dedica quase todo o seu tempo à produção de azeites. O próprio Fasano é um dos seus clientes. Exporta também para o Rio e deve começar a vender seus vidros em SP em breve.
Ele trabalha para que a fazenda vire também um ponto turístico. Oferece um tour guiado pela produção com direito a degustação.
Um dos principais incentivadores da imigração para Punta, Mario conta que seus amigos paulistanos tinham tendência a confundir uruguaios e argentinos. "Uruguaios são mais educados, discretos. Além disso, eles veem os brasileiros com simpatia, como uma chance de diminuir a dependência dos argentinos."
Galeria Experiência/Folhapress |
Casa Pueblo, um dos pontos turísticos de Punta del Este |
Outro brasileiro que fincou os pés na península foi Oskar Metsavaht, com uma filial da "hypada" Osklen. A sãopaulo encontrou dois paulistanos cuidando da loja praieira.
Edson Martinelle e Felipe Burckauser seguem uma rotina punteira, com tudo rolando mais tarde que no Brasil: trabalham e ficam na praia até as 21h para ver o pôr do sol.
Às 2h30, vão para a balada. A preferida é a Tequila, famosa por receber celebridades e onde nos dias mais festivos, contam, o dono decide quem paga quanto. "Eles sabem que os caras de São Paulo têm mais dinheiro", afirma Edson. E, aí, o ingresso pode chegar a US$ 100 (cerca de R$ 166).
Lá dentro, um público dos 18 aos 60 e uma surpresa: o ator Ricardo Darín, de "O Segredo de Seus Olhos", dançando de mãozinhas para o ar e se roçando em uma dançarina. Infelizmente, câmeras fotográficas são proibidas na balada.
Moda paulistana
Nascida no Uruguai e há muitos anos em SP, Sharon Beting levou sua multimarcas de biquínis Sub (com sede no shopping Cidade Jardim) para Punta com um pé atrás. "Achei que o público ia ser só de brasileiras", conta. "Tinha medo de que as argentinas não gostassem por causa do tamanho pequeno. Mas elas enlouqueceram." O de oncinha vendeu que nem água, diz.
Na loja, que tem marcas como Vix e Adriana Degreas, vendedoras são orientadas a dizer que os biquínis são brasileiros, "porque algumas clientes se assustam com o valor", afirma ela, que vende peças de US$ 80 a US$ 200.
Galeria Experiência/Folhapress |
Raquel Cantero e Silvana Morales na badalada praia Bikini |
Frequentadora de Punta, Sharon diz que ela mesma se assustou com os preços de lá. "Você não vai a um restaurante famoso por menos de US$ 200. Essa inflação é em função do paulistano que vem e paga", conta. "Os brasileiros estão sustentando Punta."
Na sorveteria Volta, um grupo de médicos conta suas impressões. "As praias aqui são mais limpas e têm mais espaço que as de São Paulo, que estão lotadas", diz Haila Mutti, 29. O preço não incomoda. "Pra outros brasileiros, talvez esteja caro. Mas pra gente, que é de SP, está OK."
Já na areia de Bikini, uma turma paulistana que não escolheu sustentar Punta curte o sol. Eles ganharam a viagem como prêmio da "firma". Se não, estaríamos no Guarujá", brinca o engenheiro Paulo Toledo, 27. "Temos um perfil mais 'low cost'. Se a gente pudesse escolher, pelo dinheiro que se gasta aqui, dava para ir a lugares bem mais legais."
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