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Conjunto popular começa a ser erguido em área valorizada de SP
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NATÁLIA ZONTA
DE SÃO PAULO
Atualizado às 17h57.
Apartamentos com 50 m² e até três quartos em uma região em que o metro quadrado pode chegar a R$ 10 mil. Área de lazer, salão de festas e creche na porta de casa. A vista não fica por menos: da janela de algumas unidades, é possível ver a ponte Octavio Frias de Oliveira, no Brooklin.
Não é mais um prédio de luxo erguido na Berrini. É o primeiro conjunto popular supervertical de SP. Em geral, esse tipo de moradia tem, no máximo, oito andares e apenas escadas. O novo projeto conta com três torres de 16 andares e dois elevadores. As obras começaram em 1º de dezembro.
As 240 famílias que irão para os prédios já viviam nesse terreno, onde era a favela do Jardim Edith. "É uma vitória contra a especulação imobiliária", diz a urbanista Mariana Fix, autora de estudo sobre a área.
O projeto foi realizado pelos escritórios MMBB e H+F --o primeiro faz parcerias com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Dentro do conjunto haverá uma Unidade Básica de Saúde e um restaurante-escola. "Todo o entorno será beneficiado", afirma Mara Moreira, da MMBB.
A Sehab (Secretaria da Habitação) ainda negocia a desapropriação de quatro imóveis e não diz o valor das unidades. Urbanistas temem que, após quitarem o financiamento, os moradores da ex-favela vendam o apartamento pelo valor de mercado.
Os vizinhos reclamam
Ao lado de onde será o conjunto, moradores de 16 casas reverteram a desapropriação de suas residências. Agora, reivindicam que o terreno deixe de ser uma Zeis (Zona de Interesse Social). "Assim, aqui só podem ser erguidas habitações populares, não podemos vender os imóveis para construtoras", diz Áureo Símaro, 49, comerciante.
Ele diz que, antes do projeto, os terrenos eram negociados por até R$ 8.000 o m 2. Segundo a Secretaria de Habitação, para o local deixar de ser uma Zeis é preciso mudar o Plano Diretor da cidade, o que não deve ocorrer.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Opiniões
Alonso Lopez, superintendente interino de habitação popular da Sehab
"Não temos como impedir que os moradores, depois de quitarem o financiamento, revendam suas casas. Eles têm o mesmo direito de qualquer outro proprietário"
Gerôncio Henrique Neto, da associação de moradores do Jardim Edith
"Lutamos muito para conseguir os prédios. Falo por mim e por boa parte da população que não iremos revender"
Marta Moreira, do escritório MMBB, uma das autoras do projeto
"Acredito que as pessoas não vão deixar o local porque vão ver a importância de viver numa área valorizada, próxima ao trabalho e ao sistema de transporte"
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