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Apaixonado pelo universo feminino, Roberto Lage monta "Carmen"
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MARIA LUÍSA BARSANELLI
DE SÃO PAULO
Roberto Lage, 64, divide seu tempo entre dirigir espetáculos (já soma mais de cem) e cuidar da plantação de palmitos de seu sítio em Tapiraí (município a 135 km de São Paulo). Diz ser um "workaholic". Até o tempo livre ele usa para fazer teatro: ler uma peça, traduzir um texto ou estudar uma corrente nova.
Stefan Schmeling/Paralaxis/Folhapress |
O diretor de teatro Roberto Lage no Theatro Sao Pedro, palco da montagem da ópera "Carmen", do francês Georges Bizet |
Nesse ritmo de produção, acaba de dar início à temporada lírica do Theatro São Pedro com uma montagem de "Carmen". A ópera do francês Georges Bizet (1838-1875) ganhou roupagem latina nas mãos do encenador, com cores e ambientação menos soturnas.
Não foi na plateia que Lage se apaixonou pelo teatro. Aos 15 anos, começou a atuar e, aos poucos, tomou gosto pela direção. "Descobri que era muito mais diretor quando era ator, sempre fui ligado no todo", conta.
Formado em pedagogia, ele também gosta de trabalhar com o lado educativo do teatro. Atuou em escolas e chegou a ter um projeto dentro do sistema penitenciário paulista durante a década de 1970.
Lage não se prende a gêneros. Iniciou a carreira com grupos amadores, trabalhou com teatro infantil e hoje faz desde peças experimentais a montagens comerciais. "Digo que sou uma puta. Gosto de experimentar linguagens, possibilidades cênicas."
Para o ator Elias Andreato, que foi dirigido por Lage em espetáculos como "Decifra-me ou Devoro-te" (1989), essa atitude é muito enriquecedora. "Aprendi com ele a não ser preconceituoso. Num momento, fazemos uma tragédia e, em outro, uma comédia."
Foi na busca de um teatro investigativo que ele e o ator Celso Frateschi fundaram o Ágora, em 1999. Desde então, a casa no bairro do Bexiga abre espaço para pesquisa, trabalhos experimentais e palestras.
"Ação familiar"
Em seu oitavo casamento, o diretor não esconde a admiração pelo universo feminino, evidente em muitas de suas montagens.
Na mais recente, o monólogo "Os Escombros de Pagu" (2010), ele conta que promoveu uma "ação familiar". Usou como base o texto de Tereza Freire (uma de suas ex), convidou para a criação da trilha sonora uma ex-namorada (Aline Meyer) e dirigiu no palco a atual mulher (Renata Zhaneta).
Agora, tem planos de retratar outra figura feminina em cena. Dessa vez, uma personagem clássica, Medeia, mas em versão contemporânea. Também pretende remontar neste ano "Tamara", em um casarão no Ipiranga.
Calmaria não é com ele.
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