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21/08/2011 - 02h31

Conhecido por tocar em metrô, violinista Joshua Bell vem a SP

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RAFAEL ZANATTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O violinista norte-americano Joshua Bell, 43, um dos mais celebrados da atualidade, apresenta-se em São Paulo na terça-feira (23), no Cultura Artística Itaim.

Em conversa por telefone, Joshua falou sobre suas primeiras experiências com a música, sobre o Brasil, e riu quando perguntado sobre como foi tocar no metrô.

Divulgação
Joshua Bell, violinista norte-americano
Violinista norte-americano Joshua Bell (foto) faz apresentação única na terça-feira (23), no Teatro Cultura Artística, em SP

Em 2007, Joshua foi convidado pelo jornalista Gene Weingarten, do "Washington Post", para tocar, incógnito, numa estação de metrô da cidade.

A performance foi gravada, e a matéria escrita sobre o experimento rendeu a Weingarten um Pulitzer, o maior prêmio internacional de jornalismo.

Quase cinco anos depois, Joshua ri do assunto, e diz que "não passa um dia" sem que alguém lhe pergunte sobre o assunto.

Abaixo, leia a entrevista:

*

sãopaulo - Quando você começou a tocar música?
Joshua Bell - Eu cresci com muita música em minha casa. Minha mãe tocava piano, meu pai tinha um violino. Ele era um amador, autodidata, então não era muito bom, mas adorava tocar. Na verdade, meu primeiro instrumento foi algo que fiz sozinho. Eu costumava pegar elásticos pela casa e prendia-os nas portas do armário. Então eu abria as portas para criar diferentes tons, diferentes tensões. Fazia melodias. E isso eu fazia quando tinha três anos de idade. Isso deu aos meus pais a ideia de me dar um instrumento.

Qual foi seu primeiro instrumento?
Aos quatro eu ganhei um violino. Eu não escolhi, meus pais me deram, e tem sido meu instrumento desde então. Nunca toquei outra coisa na minha vida.

Você já pensou em fazer outra coisa, fora da música?
Quando eu tinha sete anos, dei minha primeira entrevista --para uma rádio local da minha cidade [Bloomington, Indiana]-- porque eu tinha feito meu primeiro concerto com a Orquestra Sinfônica de Bloomington; eu toquei Bach. Me perguntaram o que eu queria ser quando crescer e eu disse: "Detetive ou cientista". O que não está longe das coisas que eu ainda amo. Amo quebra-cabeças, amo matemática, e amo ciência. Se não estivesse na música, gostaria de ser um pesquisador. Sempre amei astronomia e física. Leio sobre essas coisas, como um amador. Aos 12 foi quando eu decidi que seria músico. Especialmente por causa de um professor muito inspirador que tive. Ele me deixou claro que a música seria o meu negócio.

Você veio ao Brasil já três vezes, esta seria sua quarta...
Na verdade é mais que isso. Pelo menos, umas quatro, cinco vezes. Eu adoro ir ao Brasil.

Brasil é famoso por sua música --você conhece a música brasileira?
Bem, um pouquinho, eu gosto de ouvir. Toquei uma no meu último álbum. Chama-se "At Home With Friends", e é feito de vários duetos com músicos de diferentes tipos. Como Sting, Josh Groban e outros. Eu toquei uma música brasileira, não consigo lembrar o nome... do Jobim, de "Girl From Ipanema"? Do Jobim... Chovendo...[A música é "Chovendo na Roseira", de Tom Jobim]. De qualquer forma! [Risos] Mas eu amo música brasileira. Eu adoro música latina, salsa, samba. Eu não sei, acho que é a visão da praia que faz a música ser mais alegre.

Você ouve música pop?
Eu... claro que eu ouço música pop, no rádio, porque eu vivo nesse mundo. Música pop está em todo lugar. Não que eu escolha esse tipo de música para mim. Como músico, você ouve a música diferentemente de quem não faz música pra viver. Eu ouço música muito seriamente, ou não ouço nada, fico no silêncio. Eu não sou alguém que ouve musica o tempo todo. Eu ocupo muito meu cérebro quando ouço música. Mas eu gosto de música pop, eu gosto de músicas antigas. Eu amo os Beatles. Nesse meu último álbum eu fiz uma versão de "Eleanor Rigby". Eu sempre gostei de Beatles. Quando era adolescente, era um grande fã de rock, gostava de Genesis --Peter Gabriel, Phil Collins. Gosto de jazz também.

Como foi tocar na estação de metrô L'Enfant Plaza, em Washington?
[Risos] Ai, ai, ai, ai. O que eu posso dizer? O negócio foi um "truque", se posso dizer assim. O "Washington Post" me pediu para tocar. Eu fiz só pelas risadas, foi divertido. Não acho que foi um "experimento", mas foi algo mais para fazer as pessoas falarem. Artigos disseram que foi perspicaz; que fez pensar na música no contexto da arte. Mas as pessoas estavam sem atenção, indo ao trabalho. Não é o lugar certo para ouvir música. Não foi nada agradável tocar dessa forma. Só me fez gostar mais da atmosfera de um concerto. É um momento especial, quieto, a atenção da platéia. Você realmente sente essa incrível tensão no ar quando está tocando. O silêncio em volta da música é muito importante. Faz-me apreciar ainda mais isso. A grande surpresa é que as pessoas estejam falando sobre isso cinco anos depois [risos]. Faz quase cinco anos, e não passa um dia sem que alguém na rua não diga: "Você é o cara do metrô!", "E negócio do metrô, como foi aquilo?" [risos] Não sei por que, mas o negócio se espalhou por e-mail, pelo YouTube. Por algum motivo mexeu com a imaginação das pessoas.

Você fez 50 dólares aquele dia.
É, não foi tão ruim.

Você ficou com o dinheiro?
Eu dei pra umas meninas violinistas, adolescente, que me emprestaram a caixa do violino. Eu precisava usar uma caixa bem velha para colocar o dinheiro. Então, elas me emprestaram. E eu deixei que elas ficassem com o dinheiro [risos]. Mas, mesmo assim, foram 50 dólares em 45 minutos. É algo respeitável. O pessoal fala que fui mal, mas não fui nada mal!

 

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