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Em busca do luxo gourmet, clientes "invadem" casa dos Jardins
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MARCELO QUAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tradicionalmente frequentada por moradores dos Jardins (zona oeste de São Paulo), a Casa Santa Luzia diversifica clientela e atrai gente de outras regiões e até de fora da cidade.
Rogério Canella/Folhapress |
Do mezanino da Casa Santa Luzia se avistam os produtos e ao fundo o vitral Fragmentos da Metrópole, de Gergório Gruber |
Carrinhos com compras que somam R$ 2.000 não são raros na Casa Santa Luzia. Empacotadores contam que já viram uma única pessoa gastar R$ 20 mil de uma vez. Dá para entender. Dos 21 mil itens do tradicional mercado gourmet dos Jardins, 45% são importados, de 21 países.
Por causa da oferta desses produtos difíceis de achar em supermercados comuns, o público da casa --antes composto basicamente por moradores do bairro-- vem se diversificando.
É o caso da corretora Denise Amado, 36, moradora da Mooca (zona leste). "Busco uma bebida que não achei em outros lugares", diz. Quem indicou o mercado foi sua amiga Fernanda Tatto, 31, fisioterapeuta, residente na Chácara Flora (zona sul). "Quando venho ao bairro a trabalho, aproveito para passar aqui. Tem produtos que não acho perto de casa."
Para a gerente de marketing da Santa Luzia, Flavia Lopes, a diversificação ocorre devido ao aumento do poder de compra da população e da melhoria do nível de informação sobre gastronomia e saúde. "Principalmente aos fins de semana, recebemos muita gente de fora do bairro. Temos clientes até de outras cidades", diz.
De fato, ao ir ao local numa terça-feira, a sãopaulo encontrou três turistas por lá. Um deles é o chef Felipe Azevedo, 38, de Recife. Ele vem a São Paulo quatro vezes ao ano e sempre visita a Santa Luzia para garimpar ingredientes. "Também gosto de me inspirar nas receitas da rotisseria", diz.
O administrador Felipe Camões, 34, de Brasília, e a arquiteta Mônica Taunay, 33, de Salvador, compravam vinhos. Eles já tinham visto a loja em uma visita anterior a São Paulo. "Pensamos que fosse um empório kasher. Quando voltamos, entramos e vimos que é uma delicatessen", diz ele.
Uma das formas encontradas para atender a clientes de fora foi criar a loja on-line, no início do ano. Por ora, são atendidas as regiões Sul e Sudeste e a cidade de Brasília. "Estamos apostando em duas frentes: os presentes gourmets e os produtos para quem tem restrição alimentar", diz Flavia Lopes.
Nos últimos dez anos, o público da casa cresceu 40% --hoje, são, em média, 5.000 pessoas por dia. No período, foram criados rotisseria, "bonbonnière", cafeteria, padaria e adega.
NEGÓCIO DE FAMÍLIA
Filipe Redondo/Folhapress |
Jorge Lopes, 80, e Alvaro Lopes, 86; os primos comandam a casa, que conta ainda com profissionais da 3ª e 4ª gerações da família |
Inaugurada em 1926 pelo português Daniel Lopes, a Casa Santa Luzia nasceu como um pequeno empório de secos e molhados. Antes de se mudar, em 1981, para a alameda Lorena, ocupou dois imóveis na rua Augusta.
Hoje, trabalham lá profissionais da segunda, terceira e quarta gerações da família. Estão no comando Alvaro Lopes, 86, e Jorge Lopes, 80, respectivamente filho e sobrinho do fundador.
"Nasci e cresci aqui. Sou do tempo em que a Augusta era rota de bondes", lembra Alvaro. Homem da operação, ele cumprimenta os clientes pelo nome, conhece suas famílias, pergunta sobre os negócios e a saúde.
Jorge é o responsável pelas importações. "Quando começamos, não havia licença para importar. Pedíamos, pagávamos e esperávamos o produto chegar em um navio", lembra.
Os dois não se intimidam em criticar a gestão um do outro nas conversas (individuais) com a sãopaulo. Mas, enquanto um cutuca daqui e outro retruca dali, a parceria comanda um negócio prestes a completar 85 anos.
Folhapress |
Folhapress | ||
Rogerio Canella/Folhapress |
A adega climatizada, inaugurada em 2009, conta com mais de três mil bebidas entre vinhos e outros destilados |
Rogerio Canella/Folhapress |
No piso superior, funcionam departamentos de manuseio de alimentos, como o que prepara os produtos resfriados |
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