"Então, vai. Corre que você tá atrasado" E eu corri. Corri e deixei para trás aquela mulher no meio do saguão. Já deve fazer quase uns dez anos isso e não me lembro mais de como ela era. Lembro só do que ela me disse.
Por que, afinal, ela me ajudou, sem nem me conhecer? Engraçada essa coisa de empatia.
Eu havia desembarcado em Florianópolis três dias antes. No aeroporto, decidi que alugaria um carro. Como sempre fizera, iria à Localiza. Era a locadora que usava em viagens de trabalho (são 577 agências e 151.750 carros, faz sentido).
A caminho da saída, no entanto, um rapaz ofereceu: "Vai alugar? Tenho um primo que cobra metade do preço". Hesitei, mas aceitei.
Peguei o carro, mais velho e rodado do que o normal, e fui embora. Nos três dias seguintes, ele foi muito útil e, a não ser por uma lanterna queimada, não deu problemas.
Talvez porque problema mesmo estava guardado para o último dia. Havia combinado com o dono da locadora que devolveria o carro a ele às 5h10, no saguão.
O horário que havia me programado para estar no aeroporto, porém, foi o mesmo em que acordei. No caminho, liguei desesperadamente para o celular que o cara da locadora me deu. Nada. Nenhuma resposta.
Estacionei em frente ao terminal faltando poucos minutos para o embarque e nem sinal do cara. Passagem numa mão, mala na outra. O que fazer com a chave do carro? Numa das pontas do terminal, vi o guichê verde aberto. "Moça, preciso de um favor. O dono desse carro não apareceu, mas vai aparecer aí. Meu voo é agora, você fica com a chave?"
Engraçada essa coisa de empatia.