Motociclistas resistem ao uso de roupas para proteção
Os motociclistas lideram as estatísticas de óbitos no trânsito, com 31%, seguidos por pedestres (27%), conforme dados do Infosiga-SP. Só em abril, 139 motoristas de motos perderam a vida nas estradas do Estado.
Pesquisa encomendada pela empresa Laquila, importadora e distribuidora de peças e acessórios para motos, mostra que itens de segurança ajudam na redução do risco de morte em 40% e de ferimentos graves em mais de 70%.
O estudo, feito pelo Data Sonda Pesquisas, detectou que os entrevistados sempre utilizam capacete, como a lei exige. O mesmo não acontece com outros itens. Apenas 31,9% fazem uso contínuo de jaquetas, e 22,7% nunca vestem esse essa peça e tampouco utilizam calça (53,6%), bota (43,5%) ou luva (33,7%).
Jorge Araújo/Folhapress | ||
Fila de motos na avenida Eusébio Matoso, na zona oeste de São Paulo |
Especialista em segurança da Laquila, Wellington Santos acredita que faltam campanhas para incentivar o uso dos equipamentos, que não são obrigatórios. "A questão é cultural. Os acessórios são vendidos por vários preços. O investimento em uma jaqueta pode partir de R$ 120 e inibir uma fratura, por exemplo. Também tem a questão do clima quente", afirma.
Para Santos, nem a criação de uma norma que obrigue o uso desses itens resolve o problema. "Aumentaria o uso, mas o controle não seria tão fácil assim. O melhor a ser feito é investir na conscientização do piloto. Temos de saber que o para-choque é nosso peito, em uma moto", diz.
"A formação dos motociclistas é quase um teste de equilíbrio. Para piorar, o material didático mais atualizado sobre o assunto não é em português", afirma David Duarte Lima, presidente do Instituto de Segurança no Trânsito e professor da Universidade de Brasília.
Apesar de as motos serem menos de 30% de toda a frota nacional, responderam por 54% do total de internações no SUS. Segundo dados do Ministério da Saúde, o trânsito custa R$ 240 milhões por ano ao sistema público. De acordo com a Rede de Reabilitação Lucy Montoro, de São Paulo, em 2016, 50% das vítimas de acidente atendidas lá ficaram paraplégicas ou tetraplégicas, e quase 30% sofreram amputação.