Para governadores de MT e GO, União trava investimento logístico regional
Marcelo Justo/Folhapress | ||
Leonardo Jayme, Pedro Taques, governador do Mato Grosso, e Marconi Perillo, governador de Goiás |
Para os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Pedro Taques (PSDB-MT), o governo federal não reconhece a importância econômica das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que dificulta a criação de um plano estratégico regional de investimento em logística.
O escoamento da produção local para exportação é considerado um dos grandes gargalos para o desenvolvimento do setor do agronegócio no país.
Os governadores participaram, ao lado de Leonardo Jayme, secretário-executivo do Consórcio Interestadual Brasil Central, da primeira mesa do fórum Agronegócio Sustentável, promovido nesta quinta (14)
e sexta-feira (15) pela Folha.
Para governadores de MT e GO, União trava investimento logístico regional
O consórcio Brasil Central foi criado em 2015. Composto pelo governo de seis Estados (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rondônia e Maranhão) e do Distrito Federal, ele tem como objetivo fomentar o crescimento regional.
Os governadores argumentam que os problemas de construção e manutenção de rodovias interestaduais que ligam os Estados produtores aos principais portos do país fazem com que os produtos brasileiros percam competitividade no mercado nacional e internacional.
Taques afirmou que o milho produzido no Mato Grosso chega mais caro ao Nordeste que o produzido na Argentina.
"Em cerca de dez anos, a União não conseguiu pavimentar 100 km de rodovia para nos ligar à Santarém (Pará), e a mercadoria sair pelo eixo norte. É uma vergonha. A União não está cumprindo seu papel", afirmou o governador do MT.
Para o governador de Goiás, ninguém sabe o que está acontecendo no Brasil. "Acho que o governo federal não está nem sabendo que faltam apenas 100 km de construção rodoviária para chegar até os portos de Santarém.
Perillo também criticou o alto custo de construção das rodovias federais.
"Os Estados constroem cada quilômetro por cerca de R$ 1 milhão. Quando a rodovia é federal, chega a R$ 10 milhões por quilômetro, o que a torna inviável. É um absurdo construir uma rodovia de 10 km por R$ 70 milhões. Nada justifica esse preço exorbitante."
AUTONOMIA
Os participantes da mesa defenderam que os governos tenham maior autonomia para conseguir destravar investimentos na região.
"Temos a ideia equivocada de que a União manda, e os governadores não passam de chefes de departamento", declarou Taques.
Leonardo Jayme, do Consórcio Interestadual Brasil Central, afirmou que a União não tem nenhuma capacidade de investimento em infraestrutura. "Nós precisamos definir, através de estudos, onde precisamos desse investimento e poder arrecadar recursos para aplicá-los onde são necessários."