DENILSON OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Acessar o aplicativo, escolher o carro mais próximo de casa, abrir a porta do veículo usando o smartphone e rodar apenas algumas horas. Essa é a dinâmica dos serviços de compartilhamento de carros.

No Brasil, as empresas que atuam nesse mercado ainda são poucas e se concentram em São Paulo. De acordo com um estudo da consultoria Frost & Sullivan, realizado em julho de 2017, mais de 7 milhões de pessoas utilizam esse tipo de sistema no mundo, apenas 85 mil delas por aqui.

A primeira a circular pelas ruas de São Paulo foi a ZazCar, em 2009. A empresa começou com dez carros e hoje tem 130 automóveis espalhados em estacionamentos, hotéis e edifícios comerciais pela cidade. O aluguel custa a partir de R$ 10 por hora e R$ 0,90 por quilômetro rodado.

"O mercado brasileiro está começando a entender que o carro pode ser um serviço, em vez de um bem de consumo", diz Felipe Barroso, CEO da empresa, que na última semana anunciou um aporte de R$ 7,5 milhões de um fundo de investimentos e pretende ampliar sua frota para 400 carros até o fim de 2018.

De olho no potencial de crescimento desse mercado no país, duas empresas iniciaram operações em 2017.

A Turbi oferece 30 veículos, entre HB20, Nissan Kicks e Mini Cooper S, todos automáticos, com preços de R$ 8 a R$ 35 por hora (mais R$ 0,50 por quilômetro rodado). "Apostamos em modelos de alto padrão, já que o brasileiro é muito apegado a carro e à experiência de dirigir", diz Diego Lira, CEO da empresa. A expectativa é chegar ao fim do ano com cem automóveis.

A Urbano, da LDS Group, entrou em operação há pouco mais de dois meses, com 65 veículos, divididos entre compactos Smart, da Mercedes, e o BMW i3, movido a energia elétrica. O aluguel custa R$ 1,20 por minuto, sem adicional. O sistema da Urbano permite a devolução em qualquer vaga na rua, desde que em bairros pré-definidos.

O empresário Marco Antonio Fenili, 30, utiliza há dois meses o serviço para fazer o trajeto de casa até o trabalho, do Campo Belo a Congonhas. Ele chegou a calcular quanto gastaria se fizesse o caminho todos os dias com um veículo próprio: "O valor mensal seria três vezes maior".

De acordo com Agostinho Pascalicchi, economista e professor do curso de engenharia de produção da Universidade Mackenzie, o brasileiro gasta entre R$ 700 e R$ 1.200 todos os meses com um carro. "Nesse valor estão embutidos custos como combustível, seguro, impostos, manutenção e até o IPTU pago sobre a garagem do edifício. A tendência é que esse mercado cresça e até montadoras passem a oferecer esse tipo de serviço no Brasil."

Em outro modelo de compartilhamento, o proprietário aluga diretamente o veículo por meio de aplicativos. "Esse sistema é indicado para pessoas que não costumam usar o carro durante a semana. A diária custa de R$ 70 a R$ 400 e inclui seguro. Por mês, o dono do veículo alugado ganha entre R$ 800 e R$ 1.500", diz Tamy Lin, 40, criadora do aplicativo Moobie. "Essa modalidade ainda é recente no Brasil. Mas pode gerar um impacto na economia e no mercado de aluguel de carros, já que transforma o carro particular numa forma de gerar renda", diz André Miceli, professor da FGV.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.