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27/01/2013 - 03h00

'SP tem arquitetura fantástica, mas há muitos prédios ruins', diz americana

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ISABELLE MOREIRA LIMA
DE CHICAGO

Jeanne Gang acha que trabalha demais. Mesmo assim, não tem vontade de desacelerar. A arquiteta norte-americana de 47 anos --e primeira mulher a assinar o projeto de um arranha-céu no mundo, o Aqua, de 262 metros, em Chicago-- tem uma lista de prioridades que concilia a habitação popular e o desejo de erguer projetos de escala nacional.

A agenda está cheia. Está em cartaz no Art Institute of Chicago, em uma retrospectiva do trabalho de seu escritório, o Studio Gang, e tem grandes projetos prestes a ser concluídos. Um deles é o Solar Carve Tower, localizado entre o parque High Line e o rio Hudson, em Nova York, que tem uma lateral toda de vidro, que parece descascada, para se integrar melhor ao ambiente e aproveitar a luz mais eficientemente.

No ano passado, participou de uma mostra sobre os subúrbios dos Estados Unidos, no MoMA de Nova York, e, em 2011, recebeu o MacArthur Fellow, honraria tradicional dos EUA que escolhe profissionais com "mérito excepcional" em sua área ""e que vem acompanhada de R$ 1 milhão.

Tudo começou porque "era boa em matemática". Pensou em ser engenheira, mas logo migrou para a arquitetura porque gostava de criar. Estudou em Harvard e abriu o Studio Gang em 1997. Na época, o escritório era formado apenas por ela e atuava localmente.

Quinze anos depois, são 40 profissionais e projetos em diferentes partes dos EUA, no México, no Canadá e até na Índia.

LEVEZA

O que marca o trabalho de Jeanne Gang é o casamento do apuro formal com um esmero estrutural. Ela está atenta aos lugares: todos os projetos são desenvolvidos a partir do ambiente onde serão localizados, com materiais naturais, reciclados e pensados de modo a aproveitar ao máximo a luz do sol.

Essa premissa pode ser encontrada tanto nos projetos de edifícios altíssimos quanto nos de casas minúsculas.

Segundo a arquiteta, o ponto de partida é sempre o material. É o caso do Aqua, com 82 andares, no centro de Chicago, que abriga unidades residenciais e o hotel Radisson Blu.

Quando se vê de longe, a impressão que se tem é a de que a fachada é irregular, ondulada. Quem faz esse desenho são as bases das varandas. "Procuro criar uma leveza visual. No Aqua, o trabalho é uma expressão da fluidez do concreto", diz.

Michael Lewis
A arquiteta Jeanne Gang no pavilhão que projetou para o zoológico de Chicago
A arquiteta Jeanne Gang no pavilhão que projetou para o zoológico de Chicago

Jeanne revelou uma faceta delicada do mármore ao criar uma cortina translúcida para o National Building Museum, em Washington, e tem usado muito o aço "por sua capacidade de se tornar finíssimo e permitir as mais diferentes formas em telhados".

"Gostaria de fazer um prédio nacional importante. Fiz edifícios grandes em Chicago e várias obras institucionais. Agora, estou pronta para a próxima etapa da minha carreira."

Ela afirma que ficaria feliz se esse projeto fosse um museu ou um edifício público e que está atenta aos concursos e comissões em todo o mundo.

"Adoraria conseguir fazer o projeto em São Paulo ou no Rio de Janeiro", diz. Ela já foi ao país cinco vezes, tem bons amigos brasileiros e opiniões definidas sobre as principais cidades.

VERDE

Para ela, o problema de Brasília é que a escala é muito grande. "Mas os prédios são muito interessantes."

"São Paulo tem uma arquitetura moderna fantástica, mas há muitos prédios ruins."

Sobre o Rio, diz: "É uma das minhas cidades favoritas. A topografia, o legado da arquitetura moderna, o clima, as pessoas. É linda e é uma grande cidade".

Só não mostre a Jeanne Gang um projeto cujo mérito é ser "verde". Para ela, isso não é conceito, mas premissa.

"Materiais que consomem menos energia e painéis solares deveriam ser parte do todo, e não a ideia central. Para mim, arquitetura é algo que envolve uma ideia completa, e a sustentabilidade deve ser uma constante."

 

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