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Serafina

"Sou politizada, leio três jornais por dia", diz Alessandra Negrini

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Alessandra Negrini gosta das coisas: dos lugares, dos amigos, do presente, do passado, de Proust, de pensar, de Dostoiévski, de futebol, de comida orgânica, de feijoada, de viajar, de solidão, de festa, de amar, de aprender, de TV, de teatro e de cinema.

Seu negócio é manter portas abertas. Torce para o Santos, mas também para o Corinthians. É católica de formação e lê sobre taoismo. Mora em duas cidades: no Rio de Janeiro, onde se instalou em 1993, quando virou atriz da Globo, e em São Paulo, onde, há três anos, comprou um apartamento nos Jardins.

No momento, anda feliz da vida com a produção cultural do Brasil. Não é para menos. No primeiro semestre de 2012, estreiam dois filmes em que ela é uma das protagonistas: "Dois Coelhos", de Afonso Poyart, e "O Abismo Prateado", de Karim Aïnouz, e, em janeiro, entra em cartaz no Rio com a peça "A Propósito de Senhorita Julia", dirigida por Walter Lima Jr..

Ique Esteves/TV Globo
Alessandra Negrini (foto) estreia dois filmes como protagonista no primeiro semestre de 2012
Alessandra Negrini (foto) estreia dois filmes como protagonista no primeiro semestre de 2012

Também tem papel importante em "O Gorila", de José Eduardo Belmonte ("Se Nada Mais Der Certo"), que acaba de ser rodado. Trata-se de uma adaptação do conto homônimo de Sérgio Sant'Anna ("O Voo da Madrugada").

Nele, Afrânio (Otávio Müller), um ex-dublador de filmes americanos, se diverte passando trotes em mulheres solitárias –para as quais se apresenta como "o Gorila"– até o dia em que ele próprio recebe um telefonema anônimo, que altera sua relação com o mundo exterior. Rosalinda, a personagem de Alessandra, é vizinha de Afrânio. Os dois se apaixonam. Mariana Ximenes, Milhem Cortaz e Maria Manoella são algumas das outras vítimas do Gorila.

FILHOS, FACULDADES

Paulistana, filha de um engenheiro e de uma pedagoga, Alessandra passou boa parte da infância e da adolescência em Santos. Era vizinha de Pelé. "Minha melhor lembrança dessa época são os jardins da orla, tão bonitos."

Nas férias e nos feriados, fugia para o sítio dos avós maternos, em Dois Córregos, interior paulista. Ela ainda guarda o coador de café de mais de cem anos que pertenceu a sua avó.

Antes de decidir ser atriz, fez um ano de jornalismo e outro de ciências sociais, o que aguçou sua veia política. "Sou politizada, me preocupo com os problemas do mundo, leio três jornais por dia", diz, no mezanino do bar Balcão, a poucas quadras do seu apartamento, tomando uma taça de vinho.

Enquanto tateava aqui e ali em busca de um rumo profissional, estudou teatro no Indac e com Antunes Filho. Em 1993, participou de sua primeira novela, "Olho no Olho" e, em 1995, incendiou os corações libidinosos do país com sua atuação em "Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados", minissérie baseada na obra de Nelson Rodrigues. Tinha 25 anos. E já nenhuma dúvida do caminho a seguir.

Aos 41, a mãe de Antonio, 14, e de Betina, 7 –filhos do ator Murilo Benício, ex-namorado, e do compositor Otto, ex-marido, respectivamente–, faz questão de manter em casa um clima "bacana, não de maluco" e acredita que criança tem que conviver com bichos. No caso, dois cachorros da raça griffon de Bruxelas, Guiné e Chico. Guiné, mãe de Chico, foi presente do amigo Matheus Nachtergaele.

ROCAMBOLE POP

Em "Dois Coelhos", primeira ficção de Afonso Poyart, Alessandra é Julia, uma promotora pública corrupta –numa história em que todos os personagens, sem exceção, são corruptos ou criminosos– envolvida num plano diabólico para conseguir US$ 2 milhões.

O filme usa (e abusa) do que há de mais moderno em termos tecnológicos para criar um quebra-cabeça (ou um rocambole) ágil e pop. Há gráficos de games, desenhos, cortes abruptos, travellings alucinantes, planos feitos com câmera Phantom (aquela de "Matrix", que registra mil quadros por segundo), explosões e tiros sem fim.

O espectador é sacudido na poltrona como uma criança num parque de diversões macabro. Na trilha sonora, Radiohead, Tom Waits e o funk hit do YouTube "Sou Foda", da banda Avassaladores. No elenco, Fernando Alves Pinto, Caco Ciocler, Marat Descartes e o divertido rapper carioca Thogun.

DE TANTO AMAR

Já em "O Abismo Prateado", de Karim Aïnouz ("Madame Satã", 2002), longa inspirado na canção "Olhos nos Olhos", de Chico Buarque, as apostas estéticas são bem diferentes. No papel de Violeta, Alessandra (prêmio de melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de Havana) reina quase sozinha por 84 minutos numa narrativa poética, direta e delicada.

Depois de descobrir, por uma mensagem de celular, que seu marido não a ama mais e a abandonou, Violeta, uma dentista carioca, passa o fim de um dia e uma noite inteira rodando pelo Rio –não o do cartão-postal, mas sim o pedestre, cotidiano.

Anda de bicicleta por Copacabana. Entrega-se ao sofrimento diante do mar (o abismo prateado?). Dança feito doida numa boate cheia de putas. Chupa sorvetes.

De certo modo, a noite de Violeta resume todas as fases de uma separação: a dor, o ódio, a vontade de superação & de morrer, o encontro inesperado com outra pessoa, a aceitação da tristeza e, finalmente, de uma nova etapa da vida.

Mas tudo isso é passado. Agora, Alessandra está concentrada nos ensaios da peça "A Propósito de Senhorita Julia", releitura de "Senhorita Julia", clássico do sueco August Strindberg (1849-1912), que estreia no Rio em janeiro, em comemoração do centenário de morte do autor. Para reinventá-la no Brasil do século 21, Walter Lima Jr. também se valeu do texto "After Miss Julie", do inglês Patrick Marber, que transpôs a ação para a Inglaterra dos anos 1940.

Embora tenha feito mais TV e cinema do que teatro, Alessandra diz gostar igualmente dos palcos, onde encontra o mesmo prazer de trabalhar em equipe, entre pessoas de várias classes sociais, todos unidos por um objetivo comum: revelar o mundo por meio da arte –desejo de quem, fora de cena, ama descobri-lo.

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