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Serafina

Autor de obra que inspirou "Tão Forte e Tão Perto" ignora Oscar

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Muita gente vai chorar com o filme "Tão Forte e Tão Perto", sobre um menino que perde o pai nos atentados de 11 de Setembro, em Nova York. Sentimental demais? Console-se. Se até o autor do livro que deu origem ao filme chorou, por que não você?

"Meus textos nunca me levam às lágrimas, mas filmes podem ser mais emocionalmente catárticos do que livros. As respostas são mais imediatas. E, além de tudo, livros não têm música dramática...", diz Jonathan Safran Foer, 35, como se pedisse desculpas.

O escritor americano tem poucos motivos para chorar ou se desculpar: seus dois romances viraram best-sellers e foram adaptados para o cinema. "Extremamente Alto & Incrivelmente Perto" (ed. Rocco), de 2005, teve o nome simplificado para "Tão Forte e Tão Perto" quando virou longa-metragem. E foi indicado a dois Oscars, de melhor filme e melhor ator coadjuvante, papel de Max von Sydow. Dirigido por Stephen Daldry, tem Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco. O lançamento do filme trouxe suas obras que estavam esgotadas de volta às livrarias brasileiras.

Sebastian Lucrécio/.
Jonathan Safran Foer foi recepcionista antes de se tornar escritor
Jonathan Safran Foer foi recepcionista antes de se tornar escritor

Em 2002, o então recepcionista de uma empresa de relações públicas virou escritor milionário, com um livro de estreia badalado, "Tudo se Ilumina" (adaptado para o cinema por Liev Schreiber como "Uma Vida Iluminada", em 2005). Nele, conta a história de um jovem judeu, aspirante a escritor, chamado Jonathan Safran Foer, que viaja à Ucrânia para procurar a mulher que teria salvado o seu avô dos nazistas.

Aos 25 anos, Jonathan alcançou um sucesso raro no meio editorial e levou, de brinde, críticas, ódio, inveja e sentimentos afins. Com o romance de 2005, foi condenado por tratar muito cedo, e com algum humor, dos atentados que os americanos ainda estavam sofrendo para digerir.

TRISTEZA ALHEIA

A inveja do moço é tão disseminada que inspirou a criação de uma nova palavra, "schadenfoer", que define o sentimento de alegria por algum eventual sofrimento do autor ("Schadenfreude" é uma palavra que só existe em alemão e significa a sensação de felicidade pela tristeza alheia).

Jonathan ri cada vez que escuta o termo modificado para incluir seu sobrenome. "Não leio blogs e gente que comenta meus livros. Quando era recepcionista, não tinha tempo para escrever. Pensava que a coisa mais incrível que poderia acontecer seria ter controle do meu tempo. Agora, eu tenho. Não vou desperdiçar essa sorte me preocupando com ciúmes e maldades em geral."

Jonathan tem outras preocupações. Quando sua mulher ficou grávida, ele parou de comer carne e escreveu a não ficção "Comer Animais" (2009) sobre a indústria do consumo de proteína animal nos EUA. Foi tratado pela crítica como uma tentativa de promover uma conversão coletiva ao vegetarianismo.

E parece que ele não cansa de dar material para os detratores. A próxima obra, a ser lançada neste mês, nos EUA, é mais uma piração: uma "versão moderna" do Hagadá, texto que narra a libertação dos judeus do Egito e é lido durante a Páscoa judaica. "Fiz mais por egoísmo. Uso esse livro, minha família comemora esse feriado. Ter uma versão própria seria bom para a gente."

Apesar do judaísmo estar presente em sua obra, Jonathan se apressa em dizer que não é religioso. "Quer dizer, depende do que você entende por religioso: se é acreditar em Deus e ir à sinagoga, isso não sou eu. Mas, se é tentar entender grandes questões, dar um sentido à sua vida dentro de um contexto de tradições antigas, isso me define."

NA TV

Também é sobre judeus, mais precisamente sobre uma família judia, a série de TV que escreve para a HBO. Com o nome provisório de "All Talk", deve ser lançada em 2013 e ter Ben Stiller e Alan Alda no elenco. "Não tem uma trama. É só uma história sobre como as pessoas se relacionam."

Com tantos projetos inusitados, a ficção de Jonathan anda sumida. Ele jura que está no meio do caminho de seu aguardado terceiro romance, mas não dá nenhuma informação. Só conta que o tema é amizade. E mais nada.

Comparado a nomes como Philip Roth e Salman Rushdie, diz que é mais influenciado por artistas plásticos e músicos do que por escritores. "Tem um velho ditado que diz: 'Um pássaro não é um ornitólogo'. Só porque você é uma coisa não quer dizer que você possa explicar isso. Não penso na minha escrita em termos críticos."

Entre suas influências artísticas, cita pintores como o canadense Philip Guston (1913- 1980) e o americano R.B. Kitaj (1932-2007) e a cantora e harpista americana Joanna Newsom. Tem ouvido muito as suítes para violoncelo solo, de Bach, e se encantou com o documentário de Wim Wenders sobre a coreógrafa alemã Pina Bausch, "Pina".

Muito ligado à família, Jonathan tem parentes no Brasil e já veio quatro vezes ao país. Seu lugar preferido por aqui é a casa de Burle Marx, no Rio. Não conhece quase nada da literatura e cita "Gabriela, Cravo e Canela" como o último livro brasileiro que leu, sem lembrar o nome de Jorge Amado.

Jonathan avisa que tem que desligar. Está na hora de buscar parentes no aeroporto. Conta que está planejando uma festa de aniversário. Mas não pretende dar muita bola para o Oscar hoje para ver se o "seu filme" vai ganhar. "O filme não é meu. Hoje é só mais um dia na minha vida. Essa é só mais uma coisa legal."

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