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Serafina

Artistas levam design brasileiro ao luxo e à ostentação de Dubai

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Com sua túnica branca, o xeique passeia pela feira de design, para no estande da galeria brasileira Coletivo Amor de Madre e contempla uma instalação de lâmpadas de bichinhos do artista Amaury.

Diz que não gosta muito daquilo, mas entende que a peça tem seu valor. Conta para a galerista que já conhecia a Amor de Madre. Leu sobre o assunto na revista "Wallpaper". Circula mais um pouco e se instala numa cadeira feita por Leo Capote com 3.800 pregos soldados: "Gostei, é um verdadeiro trono".

Em busca de um trono descolado como esse, xeiques, "xeicas" e outras pessoas menos nobres, com ou sem túnicas e burcas, foram à Design Days Dubai, a primeira grande feira de design contemporâneo do Oriente Médio, que reuniu 22 galerias de 14 países (como EUA, Coreia do Sul, França e Kuait) na semana passada.

Siddarth Siva
Em frente ao edifício mais alto do mundo, Pedro Bernardes, Amaury, Olivia Faria, Leo Capote and Hugo França
Em frente ao edifício mais alto do mundo, Pedro Bernardes, Amaury, Olivia Faria, Leo Capote and Hugo França

Única representante brasileira, a Amor de Madre e sua dona, Olivia Yassudo Faria, levaram para Dubai, no meio do deserto, quatro de seus artistas-designers, Hugo França e Pedro Bernardes, além de Leo e Amaury. Todos devidamente recepcionados no aeroporto por uma fila de Audis brancos.

Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, fica a 15 horas de voo e sete horas à frente do fuso de São Paulo. E a feira, numa tenda protegida das tempestades de areia, com ar-condicionado a toda, fica logo ali, embaixo do maior prédio do mundo, o Burj Khalifa (com 828,5 metros).

Com todo o petróleo que jorra na região, "maior" se tornou uma palavra comum e também uma obsessão em Dubai: eles se orgulham de ter o maior edifício, o maior shopping e o maior painel de acrílico (no aquário dentro do shopping). Além de ter o único hotel "sete estrelas", uma pista de esqui com neve artificial no meio do deserto, ilhas residenciais construídas em formato de palmeira e outras imitando o mapa-múndi.

"Essa cidade é uma mistura de Las Vegas, Brasília e Projac. É um parque temático no meio do nada. Em teoria, não tem nada a ver com o meu trabalho", diz Amaury, 45. Uma das peças dele é feita com gavetas recolhidas em caçambas dos Jardins, em São Paulo.

Já Hugo França, 57, acostumado com o mundo das feiras internacionais, negocia, desde Dubai, detalhes de uma exposição na Coreia do Sul e do projeto para instalar seus móveis, feitos com árvores centenárias brasileiras, nos parques de Nova York.

Ele se impressionou com a boa escalação de designers para uma feira iniciante e com o show das fontes de águas que dançam, ali ao lado, ao som de hits como "All Night Long", de Lionel Richie –e que reúne centenas de turistas diariamente. "Minha mãe ia adorar", diz.

ÁRVORE DE CHAMPANHE

A programação de uma feira árabe tem sempre um item inusitado: o "ladies day" (o dia das moças), período em que os homens são expulsos do evento para que as senhoras fiquem mais à vontade. O "ladies day" de Dubai teve como atração a "xeica" Latifa, um dos 21 filhos oficiais do xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum, governante de Dubai. No estande brasileiro, Sua Alteza passa tempo admirando o berço-harpa criado pelo artista e músico Pedro Bernardes, 29 (para embalar e fazer uma "descompressão do útero" para o filho Mano Wladimir, do relacionamento com a cantora Marisa Monte).

O mundo dos badalados vernissages também não segue o mesmo script no Oriente Médio. No primeiro dia em Dubai, Olivia e a diretora da Amor de Madre, Marcia Atala, foram convidadas para um jantar de gala. "Não tinha nenhuma bebida alcoólica e deixaram a gente no hotel, pontualmente, às 23h30", diz Olivia.

A primeira festa do evento conseguiu mudar a má impressão e exibir o novo "lifestyle" de Dubai: garrafas de champanhe Veuve Clicquot brotavam de árvores (literalmente) e não pararam de jorrar até as 3h.

Até o último dia, pouca coisa tinha sido realmente vendida na feira, tanto por gringos quanto por brasileiros. Uma possível solução veio de Leo Capote, 30, que viu seus bancos de pás e seu "trono" de pregos serem admirados por xeiques e operários. Ex-estagiário dos irmãos Campana e dono de uma loja de ferramentas, ele pensou em uma pequena adaptação de seu móvel para o mundo árabe: "Eu poderia banhar os bancos em ouro. Aí, sim, vira luxo".

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