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Serafina

Bob Dylan ganha exposição de fotos, filmes e discos em Paris

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O acidente de motocicleta mais mítico da história aconteceu em 29 de julho de 1966, numa pequena estrada de Woodstock, nos EUA. Pilotando uma Triumph Tiger 1964, de 500 cilindradas, Bob Dylan voou e teria quebrado vértebras próximas ao pescoço. Não há muito mais detalhes sobre a queda, mas as consequências foram grandes.

Após encarar a morte de perto, o compositor revisou sua vida, cancelou toda sua agenda, parou com os shows (voltaria a se apresentar ao vivo apenas em 1974) e deu uma segunda guinada em sua carreira: abandonou o rock e mergulhou de volta na música caipira norte-americana.

Os sete álbuns que ele havia lançado até então, os quatro primeiros de "folk music" e os três últimos de rock, são o tema da exposição "Bob Dylan - L'Explosion Rock 61-66", aberta em março na Cité de la Musique, em Paris, e que vai até 15 de julho. É o mesmo período da carreira, aliás, que Martin Scorsese abordou no documentário "No Direction Home" (2005). Dylan vem ao Brasil pela quinta vez neste mês, para tocar em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília.

Veja galeria de fotos com as peças da exposição

Daniel Kramer
O músico Bob Dylan que vem ao brasil pela quinta vez em abril
O músico Bob Dylan que vem ao brasil pela quinta vez em abril

A primeira parte da mostra foca na fase inicial, quando o rapaz de 19 anos chega a Nova York, vindo de uma pequena cidade de mineradores do norte do país. Na bagagem, traz o "folk" de Woody Guthrie (1912-1967). Mas, em vez de simplesmente reproduzi-la com violão e gaita nos bares do Greenwich Village (bairro de Nova York), ele insere atualidade na música do campo. As letras passam a ser sobre metrópoles, problemas sociais, guerra e política. Em pouco tempo, havia virado um cantor de protesto, ou melhor, "o" cantor de protesto.

Foi por esse motivo que a parisiense Isabel Murad levou sua filha Louise, de 14 anos, à Cidade da Música. "Ela tinha que fazer um trabalho sobre canções de protesto. Mas não gostei muito da exposição", reclamou. "Estava muito cheia." Isabel cita "Blowin' in the Wind" (1963) como sua canção preferida do artista, a mesma que o senador Eduardo Suplicy gosta de cantar por aí.

Os dois álbuns lançados em 1965 são a mudança de rota. "Bringing It All Back Home" e "Highway 61 Revisited" trazem o músico com a guitarra, em vez do violão, e tocando muito mais alto. O título do primeiro (trazendo tudo de volta para casa) se refere ao fato de que os ingleses dos Beatles e dos Rolling Stones haviam estourado no mundo todo, inclusive nos EUA, com o rock que aprenderam nos discos norte-americanos dos anos 1950. Agora, Dylan roubava aquele som de volta.

"Eu gosto de Bob porque os Beatles gostam dele", explicou Fanny, que foi à exposição com seus amigos Aurelian e Clara, todos de 15 anos. "E minha canção preferida é 'Knock-Knock-Knockin' on the Heaven's Door' (1973)", avisou. Um dos recortes grudados nas paredes da Cité de la Musique é uma reportagem de janeiro de 1965, do jornal "Melody Maker", cujo título em rimas diz "Beatles say: Dylan shows the way" ("Beatles dizem: Dylan indica o caminho").

Já "Highway 61 Revisited" trazia "Like a Rolling Stone", talvez sua canção mais conhecida até hoje. As capas de ambos os LPs de 1965 foram fotografadas por Daniel Kramer, que seguiu o artista por mais de um ano naqueles dias e apresenta em Paris 60 fotos em preto e branco.

Vídeos, filmes, roupas, instrumentos, concertos e palestras completam a mostra, além de badulaques que podem ser comprados no museu.

O chinês Leong Chao, 25, em visita com cinco compatriotas, adquiriu uma caixinha de música com "Blowin' in the Wind" e um CD duplo com as grandes canções do período. Ele confessa baixinho que não conhecia o artista até então. "Escuto mais os novos cantores chineses, sabe?" Emenda uma série de perguntas: "Bob Dylan não é francês? Bob Dylan está vivo? Bob Dylan mora no Brasil?"

E completa: "Ainda bem que comprei um álbum na lojinha, né? Assim posso ir fazer a lição de casa".

Charles Platiau - 5.mar.12/Reuters
Visitantes pelos corredores da exposição que revê parte da trajetória de Bob Dylan
Visitantes pelos corredores da exposição que revê parte da trajetória de Bob Dylan
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