O ano era 2007. Wendy Tsao estava desempregada. Formada em arquitetura na universidade mais tradicional do Canadá, a McGill, ela nunca tinha gostado da profissão e também não queria voltar a trabalhar como decoradora. Um autorretrato de seu filhinho de cinco anos, feito em garranchos numa folha de caderno, reconstruiu sua vida profissional.

Cinco anos depois, Wendy tem seu próprio negócio, o Child's Own Studio ("estúdio da criança", em tradução livre), em que transforma desenhos de crianças em bonecos de pano e de pelúcia.

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Tudo começou quando a escola de Dani, seu filho, pediu para que as crianças levassem um brinquedo de casa. A ideia era que os pais montassem um kit de emergência para os dias de birra ou de ataques de choro, mas Wendy não queria mandar nenhum dos brinquedos favoritos do garoto porque temia que eles ficassem lá encostados.

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Foi aí que surgiu o plano. Era um autorretrato, que o menino repetia sempre. Pegou o desenho e improvisou um boneco. Ele reconheceu na hora a sua criação, em três dimensões e palpável. E adorou brincar com a representação de si mesmo.

Wendy queria ser artista desde criança, mas seus pais, ambos chineses, foram contra. Preferiam que ela tivesse uma profissão segura e rentável. Optou pela arquitetura. Depois de formada, trabalhou na área de conservação. Mas foi questão de tempo até decidir se dedicar ao que realmente a interessava: trabalhos manuais.

A paixão de Dani pelo boneco feito por ela foi, aos poucos, despertando o interesse de outras crianças e de pais mais alternativos. Ela começou a receber, e a aceitar, as primeiras encomendas.

Hoje só faz isso da vida e tem mais encomendas do que consegue cumprir. Sua lista de espera tem 500 pessoas. Os preços variam de R$ 164 a R$ 273 (convertidos de dólares canadenses). Diante da alta demanda, ela fez uma lista em seu blog de artistas ao redor do mundo que fazem trabalhos parecidos. Ela recomenda 20 artesãos, 14 deles nos Estados Unidos, dois na Austrália, dois no Canadá e dois na Europa. Todos pagaram uma taxa para serem listados no site da empresa.

Wendy não foi a primeira a ter essa ideia, mas saiu na frente na hora de fazer disso um negócio: "Quando comecei, alguns amigos me disseram que suas mães ou avós faziam isso. Mas ninguém fez uma empresa viável comercialmente" diz ela.

Desde o primeiro trabalho para Dani, há cinco anos, ela fez cerca de 350 brinquedos. Notícia triste para o número 500 da fila de espera.