"Me senti a Madonna, andando de carrinho de golfe, seguida por fãs, dando autógrafos por cinco horas". Cecily von Ziegesar, 42, não esconde que amou o tratamento VIP que recebeu na Bienal do Rio, em 2007, quando veio lançar o megassucesso adolescente "Gossip Girl", série de livros que virou programa de TV e lançou a carreira de Blake Lively.

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Em agosto, Cecily volta, desta vez para a Bienal de São Paulo. Vem mostrar o último livro da franquia, "Gossip Girl - Psycho Killer" (Galera Record). E está curiosa: seu pai nasceu e morou até os seis anos em São Paulo (o avô dela trabalhava na filial paulista da gravadora RCA). Será, portanto, quase uma volta às raízes.

E, de tradição, ela entende: as histórias das adolescentes riquinhas e más de "Gossip Girl" se passam quase exclusivamente no bairro nova-iorquino do Upper East Side, onde ela mesma estudou na adolescência.

	Alexandre Campbell/Folhapress
	A escritora Cecily von Ziegesar, que criou o livro da série "Gossip Girl"

"É um bairro que não muda", diz a autora, sabendo que isso o faz uma raridade na mutante Manhattan. "No internato havia colegas muito mais ricas que eu, que viviam naquele mundo de apartamentos enormes e temporadas de esqui. Hoje, elas estão criando as filhas nos mesmos internatos, pouco mudou".

vida de escritora

Mas na vida de Cecily, quanta diferença. Ela mora com o marido e os dois filhos no Brooklyn, região mais descolada e atrevida, onde gosta de correr e andar de bicicleta. Se diz "supercaseira" e fala que a vida de escritora, mesmo com tanto sucesso, não é nada glamorosa. "Todo mundo diz que vai escrever um livro, mas poucas pessoas aguentam ficar tantas horas trancada sem falar com ninguém. Só a Carrie Bradshaw pode ter aquela vida ridícula no 'Sex and the City'."

Cecily não tem o menor pudor de criticar: "'Sex and the City' era tão focada em achar marido, era tanto desespero junto... Eu sempre tive namorado, sempre, o que pode me fazer um pouco antipática para as admiradoras do seriado..."

Também não gostou do que viu no atual sucesso feminino da TV americana, "Girls", de uma geração alguns anos mais nova e muitos cifrões mais pobre que Carrie e sua turma. "Só vi o piloto de 'Girls'. É um clichê ao máximo do Brooklyn, das garotas sem dinheiro, aquelas cenas de sexo um tanto estranhas. Não fiquei interessada."

O próximo passo de Cecily é escrever e produzir uma série para a TV sobre o mundo editorial, de novo tendo o Upper East Side como cenário, dando adeus a "Gossip Girl". "Os melhores roteiristas da atualidade estão na TV americana, não no cinema. É difícil ver um filme hoje e não se decepcionar".