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Serafina

Com o fim de "Breaking Bad" à vista, Bryan Cranston invade Hollywood

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Tenho um encontro marcado com o ator Bryan Cranston e só consigo pensar, com certa ansiedade, em Walter White, o professor de química de colégio que se transforma no rei da metanfetamina no seriado "Breaking Bad". Ali, ele é careca, usa chapéu, cavanhaque, óculos e tem uma voz tenebrosa.

Encontro um homem sorridente, com gel nos cabelos, sem óculos, nenhum pelo na cara, vestido com colete cinza de alfaiataria, camisa branca e sapatos impecáveis. Ele me serve água e faz um comentário sobre o calor em Los Angeles.

Walter White, o personagem que lhe valeu três Emmys, não dá as caras. Nem o pai bobão da série família "Malcolm" (2000-2006), nem o dentista sedutor de "Seinfeld", que interpretou entre 1994 e 1997. Hoje, Bryan Cranston, 56, vive outro papel, não menos inusitado: o de galã de cinema.

Sua carreira deslanchou no último ano e chega agora ao auge, com uma atuação que já desperta rumores sobre uma possível indicação ao Oscar de ator coadjuvante, pelo suspense "Argo", terceiro longa dirigido por Ben Affleck.

"Atuar é minha droga, é o que me deixa poderoso. Descobri isso aos 23 anos. Não uso droga. Tomo café, às vezes, e só", diz o ator californiano, que, nos últimos 12 meses, participou do drama "Drive", do filme-pipoca "John Carter - Entre Dois Mundos", do remake de "O Vingador do Futuro" e do musical "Rock of Ages: o Filme". "Amo me esconder na pele de outros."

FATOS REAIS

Em "Argo", com estreia prevista para o dia 9/11 no Brasil, Bryan faz um agente da CIA, no final dos anos 1970, envolvido numa missão para resgatar seis americanos escondidos na casa do embaixador canadense em Teerã, capital do Irã.

Eles escaparam da invasão de um grupo revolucionário na embaixada dos EUA que manteve 52 americanos como reféns por mais de 400 dias. Para trazer os americanos de volta, o agente da CIA Tony Mendez (Ben Affleck) pede ajuda a um maquiador (John Goodman) para bolar uma trama improvável. Eles criam um filme falso e fingem que os americanos são uma equipe canadense de filmagem.

A produção em questão é a ficção científica "Argo". Bryan Cranston é Jack O'Donnell, mentor de Tony Mendez, que fica nos EUA apoiando a operação. Apesar do tema sério e das cenas tensas, o filme traz um alívio cômico no núcleo hollywoodiano.

VEJA TRAILER DE "ARGO"

Vídeo

A trama é tão estapafúrdia que fica difícil acreditar que é baseada numa história real, contada pela primeira vez numa reportagem de 2007 da revista "Wired". "Os mundos de Hollywood e da CIA têm similaridades. A performance é sempre necessária", diz Bryan, que antes de ser ator fez escola para se tornar policial. "Mas, em Hollywood, todo mundo diz: 'Olhe para mim!' E, na CIA, todo mundo diz: 'Olhe para ele!' Não acho que atores dariam bons agentes."

Bryan visitou a sede da agência em Langley, na Virginia. "Queria saber mais sobre como o trabalho afeta a vida pessoal, como é chegar em casa e não poder contar o que aconteceu a sua mulher", diz. "Não é à toa que muitos são separados ou se casam entre si."

WHITE É POP
Como em Hollywood. Bryan é casado com a atriz Robin Dearden, 58, que, segundo ele, não tem ciúme quando seu marido faz cenas quentes com Julia Roberts (em "Larry Crowne - O Amor Está de Volta"), Catherine Zeta-Jones ("Rock of Ages") ou Anna Gunn (sua mulher em "Breaking Bad"). "Ela diz para eu aproveitar", diverte-se.

Produzido por George Clooney, "Argo" despontou rapidamente como um dos favoritos ao Oscar 2013 ao estrear no Festival de Toronto, em setembro. Quatro dias depois da estreia no Canadá, o embaixador americano Christopher Stevens foi morto no consulado americano em Benghazi, na Líbia, após uma invasão de rebeldes.

As imagens dos protestos, com bandeiras queimadas e portões arrombados, eram tão parecidas com as do filme que aumentaram o interesse pela história. "Espero que as pessoas não pensem que seja um filme para baixo. A mensagem é de esperança, sobre o que acontece quando as pessoas trabalham juntas", diz Bryan.

No meio da campanha para o Oscar, o ator ainda terá contas para acertar com Walter White, personagem que ficou maior que o próprio seriado e hoje estampa camisetas e canecas. Uma exposição foi criada em Los Angeles, em setembro, apenas com objetos de arte inspirados em "Breaking Bad".

Ele volta em dezembro a filmar como o marido pacato transformado em traficante e assassino após descobrir que tem câncer. A sexta e última temporada da série será exibida na TV americana em meados do ano que vem. "Não sei de nada do que vai acontecer. Nem pergunto." A quinta temporada teve apenas oito episódios, inéditos no Brasil (o canal pago AXN exibiu as quatro primeiras).

VEJA TRAILER DE "BREAKING BAD"

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DIREÇÃO
A série faz sucesso de crítica e público, ele acredita, porque seu personagem deixa o telespectador desconfortável. A ideia do autor era mostrar um homem se dissolvendo, mudando de uma pessoa boa para uma pessoa má. "E ver se o público iria com ele até o inferno. Porque é para lá que estou te levando", provoca. "Walter é o papel da minha vida. Não estaria aqui com você agora se não fosse por ele."

Com o fim da série, ele pretende ficar dois anos longe da TV. Nesse tempo, quer seguir com projetos no teatro e no cinema, em frente e atrás das câmeras. Bryan já dirigiu vários episódios de TV, incluindo alguns das séries cômicas "Modern Family" e "The Office", além do longa "Last Chance" (de 1999, que não foi lançado no Brasil), um drama romântico estrelado por sua mulher, em que ele também fez o roteiro e a produção.

Em 2013, Bryan quer dirigir outro roteiro seu, sobre um crime misterioso numa família em crise. "É um desafio, um grande passo. Tanta coisa pode dar errado... Mas vou continuar tentando até alguém gritar: 'Não, você não pode mais, pare tudo agora!'"

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