Quero parar de ser promessa e ser fato, diz ator pernambucano, em 4 filmes inéditos

LÍGIA MESQUITA

31/03/2013 03h00

Jesuita Barbosa acredita que o nome herdado do pai e do avô, dado pela bisavó religiosa, cai como uma contradição. "É quase profano", diz.

Profano ou não, é o nome desse ator pernambucano de 21 anos que aparecerá nos créditos de quatro novos filmes brasileiros. Além de "Praia do Futuro", de Karim Aïnouz, ele também atua em "Tatuagem", de Hilton Lacerda, "Serra Pelada", de Heitor Dhalia, e "Jonas e a Baleia", de Lô Politi.

Jesuita

Todos ainda inéditos e com papéis conquistados em testes. "Li uma reportagem me chamando de promessa do cinema nacional. Mas quero parar de ser promessa e ser um fato. E quero me ver também, tenho curiosidade", ri.

Em "Praia do Futuro", de Aïnouz, Jesuita vive um limpador de vidros, irmão do personagem de Wagner Moura. Contracenar com o veterano, garante, não o intimidou. "Em cena estamos de igual pra igual. Não pode se ver menor porque o outro está à frente."

Moura diz não conhecer outro ator de "20 e poucos anos tão impressionante" quanto

Jesuita. "Doido, entregue, honesto, comprometido, concentrado, engraçado, selvagem Ele é foda." O diretor faz coro: "Ele é um garoto misterioso, você não sabe o que vai sair de lá, se um bicho, se algo delicado", diz Karim.

Jesuita saiu pela primeira vez do Brasil para filmar "Praia" na Alemanha. Na primeira semana em Berlim, como parte da preparação, ficou sozinho, aprendendo a se virar.

"Fui conhecendo aos poucos as ruas próximas ao meu albergue. E todos os dias dormia preocupado em saber se minha mala ainda estava lá", lembra ele.

CADÊ A PARTEIRA?

Jesuita passou a infância em Parnamirim, cidade pernambucana de 20 mil habitantes. Teria nascido lá, mas, por falta de parteira disponível, os pais, uma dona de casa e um delegado da Polícia Civil, foram para o hospital do município vizinho, Salgueiro.

Aos dez anos mudou-se para Fortaleza. Foi na capital cearense, durante o ginásio, que se descobriu ator em peças da escola. Chegou a cursar três anos da faculdade de teatro, mas não concluiu. Na cidade, participou de várias montagens com o grupo Parque de Teatro e o coletivo As Travestidas, conhecido por levar aos palcos o mundo dos travestis.

Curioso, como se define, diz que tem vontade de "beber de diversas áreas". A TV é uma delas. Recentemente, fez um teste para uma novela da Globo.

"Falam que eu vou ficar famoso trabalhando com fulano, com sicrano. A fama é algo que encanta, mas isso não importa para mim. Quero que os trabalhos deem certo." E estreiem.

Karim