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Serafina

Sofia Coppola defende seu filme sobre gangue de Hollywood

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Sofia Coppola não fica confortável em Cannes. Talvez sejam as lembranças da última vez em que apresentou um filme no maior festival de cinema do mundo e foi vaiada epicamente. "Maria Antonieta" (2006), com Kirsten Dunst, encontrou seu público, mas a má recepção no evento traumatizou a diretora, que pensou em se aposentar.

Sete anos depois, no entanto, ela voltou ao festival para mostrar "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" (estreia no dia 2 de agosto).

O novo longa junta alguns dos temas preferidos da cineasta, como a adolescência, a busca pela fama e um certo niilismo existencial. "A cultura das celebridades me interessa muito, possivelmente por causa da minha família", diz a filha do diretor Francis Ford Coppola. "Tenho um fascínio pela ideia de ser uma historiadora de Hollywood."

Os temas ficaram diluídos nos três primeiros trabalhos de Sofia, "As Virgens Suicidas" (1999), "Encontros e Desencontros" (2003) e "Maria Antonieta". Mas ganharam uma versão concentrada em "Um Lugar Qualquer" (2010), cuja trama tem um astro hollywoodiano (Stephen Dorff) de vida ociosa e desregrada, que recebe sua filha pré-adolescente (Elle Fanning) no quarto do hotel de luxo onde mora.

Agora, aos 42 anos, ela vai atrás de adolescentes comuns também fascinados pela fama, na adaptação de uma história real e inacreditável, descrita pela jornalista Nancy Jo Sales na revista "Vanity Fair", em 2010, e no livro homônimo, recém-lançado no Brasil pela editora Intrínseca.

"Bling Ring: A Gangue de Hollywood" conta como um garoto (Israel Broussard) e quatro meninas (Emma Watson, Katie Chang, Claire Julien e Taissa Farmiga), todos de classe média, passaram quase um ano roubando casas de celebridades em Los Angeles.

"Quando comprei os direitos da história não pensava em dirigir a adaptação, mas comecei a ler as transcrições das entrevistas dos adolescentes e fiquei obcecada. Era bom demais para ser real", diz a cineasta. "Eles queriam sequestrar o cãozinho de Paris Hilton. Já pensou?"

A trama é realmente fantástica. Usando apenas programas de TV sobre celebridades e sites de busca de casas de famosos em Hollywood, o grupo sabia quando um ator estava filmando fora da cidade, quando uma modelo desfilava em Paris ou quando um músico entrava em turnê.

Em uma série de furtos que renderam cerca de R$ 6 milhões, o bando, do subúrbio de Los Angeles, entrou nas casas da socialite Paris Hilton, do ator Orlando Bloom e da namorada dele, a modelo Miranda Kerr, e das atrizes Lindsay Lohan e Rachel Bilson, entre outras menos conhecidas. Todos jovens, bonitos, ricos e bem vestidos.

Os garotos queriam o que as celebridades tinham e, quando entravam nas casas, iam atrás dos símbolos de status. A ideia era passarem despercebidos pelas vítimas, mas não nas ruas, como alguns depoimentos mostraram.

"Eles levaram as joias da minha avó, meu passaporte, meu laptop e os jeans cortados sob medida para meu corpo perfeito", disse Audrina Patridge, do reality show "The Hills", que teve a casa roubada.

"O culto à celebridade era um prazer proibido, mas agora dominou a cultura nos Estados Unidos. Está fora de controle", afirma Sofia. "Os adolescentes dessa história cresceram famintos por fama, em um lugar onde você é levado a acreditar que tem o direito de ser uma celebridade. E os reality shows têm muita culpa nisso", diz a cineasta.

Vídeo

BULLYING CINEMATOGRÁFICO

Já Sofia, ela mesma uma celebridade desde que nasceu, prefere ficar em sua casa, em Nova York, com as duas filhas, Romy, 6, e Cosima, 3, e o marido, Thomas Mars, líder do grupo francês Phoenix. "Adoro visitar Los Angeles, amo e odeio a cidade", afirma. "Mas preciso viver em Nova York, fora desse mundo do show business."

Sofia Coppola tem personalidade forte como diretora -o que incomoda a Hollywood machista- e foi uma das maiores vítimas de bullying cinematográfico antes mesmo de essa palavra entrar no vocabulário da moda.

Com 19 anos, ao interpretar Mary, a filha de Michael Corleone (Al Pacino) em "O Poderoso Chefão 3" (1990), foi destruída pelos críticos, que acusaram Francis Ford de nepotismo por escolher sua filha para o papel.

Catorze anos depois, venceu o Oscar de melhor roteiro original por "Encontros e Desencontros" -também indicado nas categorias filme e direção. Em seus filmes, os personagens melancólicos e perdidos são os mais interessantes -da jovem (Scarlett Johansson) que vive à sombra do marido famoso em "Encontros e Desencontros" ao menino de sexualidade indefinida que ajuda a melhor amiga a roubar as mansões de "A Gangue de Hollywood".

"Senti uma simpatia maior pela história dele, é verdade, porque está tentando se achar ao mesmo tempo em que possui uma obsessão pela fama", diz. "Mudei o nome de todos para não deixá-los mais famosos e acredito que pegaram leve com eles. Embora sejam garotos, precisam obedecer à lei."

Apesar das opiniões fortes, Sofia é muito tímida, fala baixo e usa frases sempre curtas. Em determinados momentos, fica até difícil ouvir sua voz, quase como se sussurrasse para si mesma.

"Paris Hilton é um doce. Ela se emocionou no fim do filme. E nos apoiou", diz a diretora, contando que a socialite deu permissão para filmar em sua casa.

HOMENS FORTES

Quando fala sobre a família, é mais segura, mas não entra em detalhes. "Falo com meu pai durante as filmagens porque ele é produtor do filme, mas ele não fica por perto o tempo todo. Não peço mais a opinião dele", diz. "Acredito que meus filmes sejam muito femininos para compensar o fato de eu ter sido criada entre homens de personalidade forte."

A diretora foi casada por quatro anos com o diretor Spike Jonze, cujo desprezo pela relação foi a inspiração para "Encontros e Desencontros". Namorou Keanu Reeves e Quentin Tarantino. E encontrou Thomas Mars, seu marido e pai de suas duas filhas, há sete anos, quando pediu que a banda Phoenix fosse ao set de "Maria Antonieta".

Começaram a namorar em 2005. Casaram-se há dois anos, em Bernalda, cidadezinha siciliana onde o bisavô de Sofia nasceu.

"Não foi nada demais porque já nos sentíamos casados. Mas achamos importante fazer uma cerimônia para a família e manter uma tradição", explica a diretora, que tem ajuda do marido para compor suas trilhas. "Ele me deu músicas novas do Phoenix para o filme e me apresentou o duo americano Sleigh Bells. Decidi usar uma música deles, 'Crown on the Ground', na abertura de 'Bling Ring'."

As trilhas sonoras dos seus filmes sempre foram um dos pontos altos. "Mas não conheço mais muitas bandas novas. Minhas prioridades são outras agora que tenho duas filhas", explica.

"Me preocupo em proteger as meninas e ficar bastante com elas", diz a mãe coruja, que não espera suas filhas seguindo seus passos. "Quero que façam o que desejarem. Elas têm um pai músico também, então estou curiosa para ver pelo que vão se interessar. O que tento passar é o que meu pai sempre me falou: trabalhe duro."

Sofia trabalha duro, mas evita fazer um filme atrás do outro. Não tem nenhum plano profissional para depois de "Bling Ring". Segue os conselhos de Coppola pai, mas longe dos holofotes e sem nenhuma pressa.

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