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Serafina

Namorado de Camila Pitanga e primo de Tom Zé, Lucas Santtana faz sucesso na Europa

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É difícil ouvir a música do baiano Lucas Santtana em uma estação de rádio. A não ser que você esteja em Berlim, Londres ou Copenhague. Lá, atualmente, também é possível ver shows do artista, que passou todo o mês de julho em turnê por seis países.

Seu último álbum, "O Deus que Devasta mas Também Cura", acabou de ser lançado no mercado europeu com duas músicas novas que não apareciam na versão brasileira. É o projeto mais pessoal do músico até agora, repleto de experiências reais. Tem até colaboração de Josué, 10, seu filho, na letra de "Dia de Furar Onda no Mar", uma das faixas do disco. Citado pelo "New York Times" como "um dos melhores compositores e músicos brasileiros de rock", Lucas também foi o único brasileiro a ter seu álbum entre os cem melhores lançamentos de 2012 eleitos pela revista francesa "Les Inrockuptibles".

O músico tem na ponta da língua a explicação para o seu sucesso na Europa: "As rádios de lá são muito boas. Quando eles gostam, eles tocam a sua música. Não existe essa coisa de jabá", diz. "No Brasil, eu nem escuto rádio."

Mas Lucas reconhece que a responsabilidade pelo sucesso internacional também é dele, e não apenas de um modelo de negócio das rádios daqui ou de lá. "O disco anterior, 'Sem Nostalgia' (2009), me ajudou muito. É só voz e violão, fez sentido para eles, porque junta um monte de coisa moderna com uma herança de bossa nova", explica, para depois se contradizer. "Na verdade, não tem bossa nova. Mas, como é voz e violão e é brasileiro, para eles vira bossa nova."

E não dá outra: seu último disco é vendido na Europa com um grande adesivo que indica ser um legítimo representante de uma tal "bossa nova psicodélica". Antes de "Sem Nostalgia", o músico já havia gravado outros três álbuns: "Eletro Ben Dodô" (2000), "Parada de Lucas" (2003) e "3 Sessions in a Greenhouse" (2006). Este último foi o primeiro grande êxito. "Nos dois primeiros discos, eu ainda estava estudando o som. Acho que foi no '3 Sessions' que as coisas começaram mesmo", diz.

Definir o tipo de música que Lucas faz não é fácil. Nem para ele mesmo. Seu site anuncia o último CD como uma obra de "alt-pop internacional com eletro-rock tingido de afrobeat, baladas sinfônicas, reggaeton amazônico, breakbeats e ska". Tudo isso em apenas dez faixas. "Desde criança, o que mais me incomodava em música era ouvir a mesma coisa", diz. "Ia a shows de rock e cansava no meio, queria que tocassem outra coisa."

Com 14 anos, já frequentava concertos de música experimental, oferecidos pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e perdia as férias de julho para tocar flauta transversal com orquestras jovens em festivais de inverno, como os de São João del Rey (MG) e de Campos do Jordão (SP). Aos 24 anos, tocou flauta no disco acústico de Gilberto Gil.

Na mistureba musical que ele cita como influência, só o heavy metal fica de fora -mais ou menos. "Acompanho mais do que ouço", responde, para em seguida emplacar uma série de comentários elogiosos permeados por onomatopeias musicais sobre o Slayer, banda americana de "trash metal", subgênero mais agressivo do heavy metal. Lucas mais confunde do que explica quando fala de seus gostos musicais. "Um prazer é ouvir o que você gosta, outro é entender mesmo o que você não gosta."

Nascido em uma casa musical, em Salvador, em 1970, Lucas é filho de Roberto Sant'Anna, produtor responsável pelo espetáculo musical "Nós, Por Exemplo" (1964), considerado um embrião do tropicalismo e que teve participação de Tom Zé, Gilberto Gil e Caetano Veloso.

O AMIGO IRARAENSE

Gilberto Gil homenageia Roberto na música "Baião Atemporal" (1993), que conta a história de um membro da família Sant'Anna que sai de Irará (BA) em um pau de arara. Irará também é a cidade de Tom Zé, um dos músicos mais inclassificáveis da história da MPB e um ilustre desconhecido para Lucas até os seus 17 anos, quando, fuçando a coleção de vinis do pai, descobriu o LP "Estudando o Samba" (1975) e se encantou. "Me identifiquei totalmente com aquele som e falei para o meu pai: 'Encontrei um cara que é gênio'." A resposta do pai foi uma surpresa. "Esse cara é seu tio."

Tom Zé na verdade é primo de Roberto. A diferença de idade entre Tom, 76, e Lucas, 42, porém, faz com que os dois se tratem por tio e sobrinho. Na semana seguinte à descoberta, Lucas pegou um ônibus para São Paulo para conhecer o tio pessoalmente. "Fui encontrar o Tom no prédio dele. Era inverno e ele estava vestido como se estivesse em Londres, todo encasacado, de gorro, cachecol. E demorou uns 15 minutos para me identificar como o sobrinho dele." Até hoje, volta e meia os dois se encontram para trocar ideias, e Lucas tem planos para produzir um documentário sobre o parente.

Tom Zé não se recorda desse encontro, mas se lembra de outros mais antigos. "Conheci o Lucas quando ainda era uma criança, mas ele provavelmente não se lembra disso", conta. E se derrete em elogios ao sobrinho: "O nome do Lucas, hoje em dia, sempre é sinônimo de uma coisa extremamente agradável", diz. "Não quero bancar o otimista, mas me parece que ele está muito bem assentado na música brasileira."

Bem assentado na MPB, Lucas justifica a opção por fazer um trabalho cheio de referências pessoais em seu último disco. "É o que o [escritor russo] Tolstói diz: 'Quando você fala do seu quintal, você fala do resto do mundo'." Mas certas partes do seu quintal são interditadas. O namoro com a atriz Camila Pitanga é uma delas. "Para que falar disso? A quem interessa?" pergunta, sem entender a curiosidade com o quintal alheio. "A vida pessoal das pessoas é a vida pessoal das pessoas", diz o músico, mais interessado na trilha sonora que nos esclarecimentos.

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