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Serafina

Novo filme do cineasta Noah Baumbach foi financiado por produtor brasileiro

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Noah Baumbach faz parte de uma elite intelectual nova-iorquina quase inacessível para um mero mortal. O diretor e roteirista é filho do escritor e Ph.D. em literatura Jonathan Baumbach e da crítica de cinema do jornal "The Village Voice", Georgia Brown. Passou a infância entre autores no Brooklyn e formou-se em letras pela Vassar College, prestigiada faculdade de artes onde estudaram Elizabeth Bishop, Meryl Streep e Mike D, do Beastie Boys.

Com 26 anos, fez seu primeiro filme, "Kicking and Screaming" (1995), sobre suas experiências como estudante, e, aos 36, foi indicado ao Oscar de melhor roteiro por "A Lula e a Baleia" (2005). Agora, aos 43, Noah Baumbach não só dirige seu filme mais acessível mas também seu primeiro longa... brasileiro?! Não que "Frances Ha" seja uma história de amor em uma favela carioca ou tenha trilha sonora de Sérgio Mendes. "Ha ha ha... Nada disso", diverte-se o nova-iorquino, em entrevista por celular, enquanto caminha pelas ruas do Brooklyn. "Não houve pressão nenhuma para ter clima brasileiro, apesar de visitar o país estar nos meus planos."

"Frances Ha" é uma típica obra de Noah Baumbach, enraizada na cultura artística nova-iorquina, sobre uma jovem (Greta Gerwig) perdida na profissão de dançarina (para a qual não tem talento) e que vê seu mundo já caótico virar do avesso quando sua melhor amiga decide se casar.

Mas "Frances Ha" também é um filme brasileiro, financiado por Rodrigo Teixeira ("O Cheiro do Ralo", "Heleno"), por meio de sua produtora, RT Features, com sede em São Paulo. "Meu agente em Hollywood [o mesmo de Baumbach] perguntou o que eu achava de Noah. Adoro os seus filmes desde 'Kicking and Screaming'. Armamos um telefonema e nos demos muito bem", conta Rodrigo, que viajou com a produção por vários festivais (Telluride, Berlim, Nova York, Edimburgo).

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"Noah é um cara fechado, mas de uma gentileza inacreditável. Você precisa ganhar o respeito dele com conhecimento", diz o produtor brasileiro. "Ele não virou meu amigo. É um colega de trabalho com quem me dou bem. É um garoto com um grande ego e foi preciso entender isso."

O esforço foi recompensado. Rodrigo viu o longa se tornar uma das sensações indies do verão americano. Rendeu perto dos R$ 10 milhões e foi vendido para vários países, inclusive, claro, o Brasil, onde estreia no dia 16 de agosto. "O filme já se pagou e rendeu mais do que a maioria dos longas que fiz no Brasil. Além disso, ainda levantou o patamar da minha empresa nos Estados Unidos", diz Rodrigo, que fechou contrato para apoiar mais dois diretores estrangeiros: o americano James Gray, de "Amantes" (2008), e o franco-argentino Gaspar Noé, de "Irreversível" (2002).

I <3 NY

O sucesso de "Frances Ha" não é difícil de entender. O roteiro de Noah Baumbach e da atriz Greta Gerwig, 29, sua namorada e protagonista do longa, é moderno e divertido como nenhum outro filme do cineasta –apesar de ele já ter escrito esquetes para o humorístico "Saturday Night Live" e ser corroteirista de comédias como "O Fantástico Sr. Raposo" (2006), de Wes Anderson, e, pasme, "Madagascar 3: Os Procurados" (2012). "Quis me reinventar", afirma o cineasta. "Mas gosto de pensar que todos os meus projetos partem do humor, mesmo quando não têm graça nenhuma."

Impossível não se lembrar da Manhattan (e de "Manhattan", o filme) de Woody Allen, cineasta evocado por Noah desde o início de sua carreira. Seja no visual em preto e branco, seja no amor por Nova York ou na interação natural com o cenário que cerca o mundo de Frances. O filme parece um bom episódio da série "Girls" (HBO), mais estendido, com melhores diálogos e, é verdade, bem menos sexo.

Frances, assim como a Hannah interpretada por Lena Dunham, a criadora de "Girls", tem 20 e poucos anos, depende emocionalmente das amigas, não tem moradia fixa, está perdida na profissão e no amor e deseja amadurecer, mas não sabe como. "Gosto muito de Lena, mas não vejo muita televisão", diz Noah. "Mas, se existe essa comparação no ar, é porque as pessoas gostaram do filme e viram seres humanos de verdade ali. Vou encarar como um elogio."

Nada mal para um diretor que, certa vez, leu uma resenha de seu segundo filme, "Mr. Jealousy" (de 1997, com Eric Stoltz e Annabella Sciorra), na qual o crítico sugeria que sua mãe deveria ter abortado para evitar que o filho fizesse aquele longa. Vale ressaltar que o autor do texto e a mãe de Baumbach trocavam farpas em fóruns, debates e jornais de Nova York desde os anos 1980. O diretor revidou no filme seguinte, "O Solteirão" (de 2010, com Ben Stiller), e impediu que o crítico assistisse à sessão de imprensa. Barraco. E em plena elite cultural de Nova York.

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