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Serafina

Filha de Emir Kusturica vira cineasta e quer fazer filme sobre guerra

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Para falar de Dunja Kusturica, é preciso primeiro saber de seu pai (se você já o conhece, pule para o próximo parágrafo). Emir Kusturica é um cineasta sérvio. Sérvio e cult. Narra suas histórias, com humor e exagero, em meio aos conflitos políticos, territoriais e religiosos da ex-Iugoslávia. Ganhou duas vezes a Palma de Ouro em Cannes. Tem uma banda de punk cigano e seu próprio festival de cinema e música, sediado numa cidade que ele mesmo inventou.

Foi nesse contexto que Dunja, 27, nasceu, cresceu e foi absorvida pelo mundo do cinema. Pode ser necessário aprender o nome dela em breve já que a moça assina, junto com o pai, o roteiro de "Na Mlecnom Putu" (algo como "Na Via Láctea", baseado em um curta da dupla e previsto para 2014).

Cássia Tabatini
Dunja Kusturica, filha do cineasta sérvio Emir Kusturica, quer renuir diretores em obra coletiva sobre a primeira guerra mundial
Dunja Kusturica, filha do cineasta sérvio Emir Kusturica, quer renuir diretores em obra coletiva sobre a primeira guerra mundial

O longa, filmado na Bósnia e estrelado por Monica Bellucci e pelo próprio Kusturica, é uma história de amor em tempos de guerra. "O personagem perde seu amor e decide virar monge", diz Dunja, por Skype, de Belgrado, onde seus grandes e arredios olhos verdes denunciam que essa deve ser uma das primeiras entrevistas que ela dá.

Trabalhar com o pai é fácil, ela diz, assim como com o resto da família. "Somos uma pequena fábrica. Tudo funciona muito bem, por incrível que pareça." O clã Kusturica fabrica filmes e também o Festival Kustendorf, em Drvengrad, na Sérvia, vilarejo que Emir criou para um de seus filmes e que pulou da ficção para a realidade. Dunja, curadora da mostra competitiva, é descrita no site do evento como "alma artística do festival".

"Fazemos um evento não comercial, que aproxima diretores jovens e consagrados em torno do conceito de filme de arte", diz. "É uma pena que ele não deva acontecer no próximo ano por causa da crise econômica, que tem se manifestado com força na cultura aqui da Sérvia. O investimento está próximo a zero, o que é um completo desastre."

DEUS E EU

Dunja também trabalhou com o pai no documentário que ele dirigiu sobre Maradona, em 2008. Como assistente de direção, ela se assustou com o tratamento divino dado ao ex-jogador na Argentina. "As pessoas veem Maradona como um Deus. E eu, que não sou próxima ao mundo do futebol, falava com ele como com uma pessoa qualquer, sem nenhuma tensão."

Se política e guerra são constantes na obra de Kusturica, pelo menos na temática Dunja pretende seguir a trilha do pai. Quer reunir diretores de diferentes países para um projeto de curtas sobre a Primeira Guerra Mundial, em 2014, quando o início do conflito faz cem anos. E também pensa em fazer uma comédia de humor negro sobre como as coisas mudaram na região onde vive.

"Minha geração perdeu a identidade depois da guerra. O conflito acabou, mas continua a afetar nossas vidas e inspirações. Somos orientados a gostar do que vem do Ocidente e a desprezar o que é nosso. Quero contar minhas histórias para tentar resolver questões geracionais."

Para falar de Dunja Kusturica, pode ser preciso acertar a pronúncia (repita: Dunia Kusturitsa). Você pode querer falar dela muito em breve.

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