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Serafina

Dono da Osklen revela seu lado fotógrafo

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Seria fácil dizer que, como fotógrafo, Oskar Metsavaht é apenas um bom estilista. Mas a verdade é que o estilista Oskar é de fato um bom fotógrafo. Ele acaba de expor alguns trabalhos no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, e também já mostrou fotografias na feira Art Basel Miami, em 2011. Ficou surpreso ao descobrir que havia vendido várias delas.

As imagens feitas pelo criador da marca Osklen não têm nenhuma das características comuns aos fotógrafos de arte. Elas parecem pensadas e depois capturadas sem excessos e complexidades. Convencem porque são bonitas e simples, procurando fugir dos clichês.

Oskar Metsavaht
Criador da grife Osklen, Oskar Metsavaht também é fotógrafo e já expôs e vendeu fotos na Art Basel Miami e USA
Criador da grife Osklen, Oskar Metsavaht também é fotógrafo e já expôs e vendeu fotos na Art Basel Miami e USA

Quem tenta fotografar Ipanema hoje precisa se avir com uma tradição imagética das mais carregadas: as calçadas desenhadas em curvas, com pedras em preto e branco, os banhistas, os coqueiros e os morros ao redor são parte do imaginário universal, com trilha sonora e tudo. Pois Oskar resolveu fotografar a paisagem de Ipanema do jeito que sabe.

A série "Ipanema" mostra uma praia em preto e branco com elementos nem tão reconhecíveis assim --uma ilha avistada da terra, entre dois coqueiros, o morro Dois Irmãos misteriosamente espelhado nas águas. As fotos parecem lidar com estados de espírito.

DE MÉDICO A ESTILISTA

Oskar é um médico traumatologista de 52 anos que se desviou do caminho e foi parar no mundo da moda. E o fez de uma forma estapafúrdia, criando casacos de inverno para vender numa loja em Búzios (RJ). Depois, costurando na mesma linha, foi inventar roupas de praia que evocavam um estilo de vida que os especialistas da moda da época ignoravam.

De 1989 até o começo dos anos 2000, ele era considerado --quando considerado-- uma espécie de marciano-surfista. Mas aí as coisas foram mudando, e a sua recriação de elementos brasileiros com um toque minimalista foi se impondo.

De repente, o Brasil começava a entrar na moda, via sandálias Havaianas e fitinhas do Bonfim, mas muita coisa era cópia descarada das grifes estrangeiras.

Foi aí que Oskar inventou o que ele chama de "Brazilian Soul", a alma brasileira que os estrangeiros gostam de enxergar, feita de beleza e transbordamento limitado. Aí reside um dos segredos do estilista: um olhar econômico que parece capturar as coisas bonitas que nos são naturais e devolvê-las com um espírito carioca sem aparatos barrocos.

Isso tudo com algodão orgânico, couro de peixe e outras matérias-primas sustentáveis. E com um preço elevado. "O que eu queria", diz ele, "é que as pessoas entrassem nas lojas e gostassem de tudo, independentemente de terem dinheiro para comprar ou não".

Morando de frente para a praia, no Arpoador, Oskar surfa em seu quintal sempre que pode. A fotografia, cultivada desde a adolescência, cai muito bem na sua persona esportista, assim como as primeiras roupas de inverno tinham a ver com o sangue invernal dos seus antepassados (nascido em Caxias do Sul, RS, é cônsul honorário da Estônia, a terra dos seus avós).

Ao fotografar ou filmar em 16 mm, um substituto da super-8 que usava quando jovem, Oskar está sempre procurando os elementos que vão entrar nas criações da Osklen. Misturando texturas, fotografando movimentos esportivos ("Adoro a baixa velocidade nas câmeras", ele diz), descobrindo detalhes nos corpos e objetos, ele põe a sua equipe para mergulhar durante cerca de cinco meses num trabalho tateante e experimental, antes de vir à tona nos desfiles.

A fotografia é um de seus instrumentos fundamentais de criação. Por isso, é natural. Oskar e equipe conseguiram entrar na Fundação Inhotim --um espaço de arte em meio à natureza, tradicionalmente vedado a qualquer coisa relacionada com a moda, mas do qual Metsavaht, que quer dizer "guardião da floresta", é conselheiro-- e lá desencavar o que, até agora, é o embrião da nova coleção da Osklen.

"Vamos montar uma pequena 'greenhouse' [estufa] ali no meio das plantas. Colocaremos tecidos que vão do branco ao opaco num modelo, e inventaremos formas, nas quais serão projetadas diferentes texturas. Vamos fazer apenas seis looks, dos quais sairá toda a coleção. E tudo será registrado." Como fotógrafo, Oskar Metsavaht também é um bom estilista.

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