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Serafina

Harlem, o bairro de Nova York que tinha fama de mau, vale a visita

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Achei que a moça do metrô tinha me olhado em português, mas hesitei em falar alguma coisa. Estávamos no trem expresso para o Harlem, numa noite gelada de segunda, e talvez, como eu, ela fosse saltar na rua 125. Ali, pertinho da estação, fica o Red Rooster, o galo vermelho, um lugar cool com música ao vivo.

Logo que cheguei a Nova York alguns amigos marcaram um encontro lá. Nunca tinha pisado no Harlem e a ideia me animou. Fiquei contente de ter errado a linha de metrô na primeira vez porque, na caminhada de correção de rumo, acabei passando -sem saber que isso aconteceria- pelo Apollo Theater. A lendária casa de espetáculos revelou talentos como Ella Fitzgerald e recebeu em seu palco a mais fina linhagem da música negra, de Michael Jackson a Billie Holliday, passando por Miles Davis, Thelonious Monk, Stevie Wonder, B.B. King, James Brown e Jimi Hendrix.

Ver de perto aquele templo já valeu o passeio -e eu não sabia muito bem o que me esperaria no Red Rooster. Por mais que todos saibam que o Harlem não é mais aquele gueto ameaçador de outros tempos, o peso dos clichês cumpre seu papel -e logo já estamos imaginando pessoas mal-encaradas, tensão racial, olhares atravessados...Mas que nada.

O lugar é o máximo. Tem um ótimo restaurante, de comida americana, um bar bacanérrimo, com balcão em curva, e atendentes muito eficientes. A fauna é "style", variada e multirracial. Negros e negras lindíssimos, loiras americanas, morenos latinos, brasileiros, asiáticos, europeus e até uma playboy-
zada relax e esperta.

Mas o melhor mesmo é o som ao vivo que rola num dos flancos do bar. Cada noite uma atração diferente, de jazz clássico a world music. Acabei ficando freguês das segundas, quando se apresenta o pessoal do Rakiem Walker Project. É uma banda animada, com sopros, guitarra e baixo, que passeia por Coltrane, Duke Ellington, Al Green, Horace Silver, Earth, Wind and Fire, Stevie Wonder e hip-hop.

Todos negros, guitarrista branco. A presença feminina é marcante, com moças na percussão e na bateria e duas boas cantoras: Kennedy, rechonchuda, penteado diferente, mais jazzística, e Farrah Burns, certa, roupa justa, que ataca de hip-hop. De quebra, o Red Rooster tem um clube no subsolo, por onde ainda não me aventurei.

Ah, sim, a moça que eu achei que tinha me olhado em português desceu algumas estações antes e fiquei, afinal, sem saber se tudo não passou de uma ilusão de ótica.

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