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Serafina

Famosa por rainhas e 'femmes fatales', Helen Mirren vive francesa durona em novo filme

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Saia na altura do joelho cobrindo a meia-calça escura, blusa de seda marrom escondida sob o colete cinza, óculos de avó linha-dura. A Helen Mirren que surge de trás das câmeras de um estúdio de Saint-Denis, na periferia parisiense, em nada lembra as "femmes fatales" recorrentes em suas quase cinco décadas de carreira em teatro, cinema e TV.

A sexualidade assertiva, às vezes exuberante, dessa galeria de tipos transbordou há tempos das telas e palcos para se colar à persona pública da atriz inglesa. Aos 69 anos, ela é o protótipo da libido bem resolvida na maturidade.

Na entrevista no set do filme "A Cem Passos de Um Sonho" (estreia em 28/8), Helen parece esconder o jogo sobre as possíveis semelhanças entre suas personagens hedonistas e sua vida real. "Já fiz muita coisa na minha carreira. O que tento a cada trabalho é me distanciar o máximo possível do anterior, ir da mulher rígida à desequilibrada emocionalmente, por exemplo", tergiversa.

A evasiva e o figurino sóbrio descrito no começo deste texto conduzem inevitavelmente à questão: O que aconteceu à jovem voluptuosa de "A Idade da Reflexão" (1969) ou "Calígula" (1979) e à desinibição madura de "O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e o Amante" (1989) ou "Garotas do Calendário" (2003), para ficar só em exemplos cinematográficos? Os carolas Steven Spielberg e Lasse Hallström aconteceram.

O primeiro é o produtor, e o segundo (dos melosos "Chocolate", de 2000, e "Regras da Vida", de 1999) dirige este "A Cem Passos de Um Sonho".

BASEADA EM FATOS REAIS

Na trama, Helen encarna a francesa Madame Mallory, dona de um restaurante tradicional e reputado no sul da França que estrila quando uma família indiana resolve sentar praça em seu vilarejo e transformar a casa desocupada do outro lado da rua
em concorrência.

A protagonista teme a proletarização da vizinhança, que poderia dificultar o "upgrade" de estrelas de seu estabelecimento no guia "Michelin", a mais antiga e respeitada publicação sobre restaurantes da Europa.

Daí em diante, ligue os pontos para completar a sinopse: 1. choque de culturas; 2. surgimento de laço mentora-aprendiz; 3. final feliz com gosto de magret de pato ao curry. O roteiro é baseado no romance best-seller "A Viagem de Cem Passos", do jornalista suíço-americano Richard C. Morais, lançado no Brasil em 2012.

"A personagem tem apego à disciplina e à tradição. É obcecada pela cultura culinária, trata o que faz como arte. E, como sempre ocorre com pessoas ambiciosas e obsessivas, o mundo às vezes se fecha em torno delas mais do que deveria", diz a atriz. Formada nas coxias da Royal Shakespeare Company e do National Theatre, dois vértices da Santíssima Trindade do teatro britânico, completou seu currículo no Royal Court Theatre, por onde passou nos anos 1970 e 1980. "Foi esse misto de obstinação, ambição e disciplina que me atraiu."

Sim, porque é preciso lembrar: não foi só a mulheres fictícias francamente em busca da plenitude sexual que Helen emprestou a pele. Em seu currículo, a ala de personagens reais de perfil austero e gestual solene também é extensa, a começar pelo papel de Elizabeth 2ª, que lhe valeu um Oscar em 2007 por "A Rainha", e que ela voltou a interpretar na peça "The Audience".

As rainhas Elizabeth 1ª (1533-1603), Charlotte (1744-1818), a mulher de George 3º e Cleópatra, além da companheira de Tolstói, Sofia (1844-1919) e Alma Reville (1899-1982), a mulher de Alfred Hitchcock, também integram o grupo das personagens "baseadas em fatos verdadeiros".

"No começo, eu resistia a esses papéis, especialmente quando a pessoa em questão ainda estava viva", diz Helen. "Fica mais fácil quando a personagem já morreu, porque sua imagem não está diante de todos, o que evita comparações instantâneas. Mas penso que nunca serei nem 75% tão boa quanto a pessoa real. Nessa situação, nunca dá para ganhar."

O teatro da vida, ela completa, "é muito mais interessante do que qualquer coisa que a imaginação possa gerar". Daí o convite que faz aos colegas de equipe a cada vez que inicia um trabalho: "Vamos fazer como na vida real".

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