O verão está a pino e Nova York passeia de camisetas, bermudas, havaianas e gloriosos shortinhos. Nesses dias alongados e quentes, as mesas de bares e restaurantes se estendem pelas calçadas, os parques estão cheios e as lojas com o ar-condicionado no máximo.

É tempo também dos "rooftops", os terraços de edifícios, que são, digamos, as "lajes" nova-iorquinas. Um lugar para tomar um drinque, comer alguma coisa e pegar um ventinho, acompanhado de amigos e das vistas deslumbrantes da cidade.

	Bruno Oliveira Santos

Alguns felizardos não precisam ir longe para isso. Moram em prédios que têm seus próprios "rooftops", com mesinhas, jardins e espreguiçadeiras. Dependendo das regras do condomínio, dá para organizar festinhas e levar uma churrasqueira. Por sorte, tenho dois amigos que moram em edifícios assim, um no Chelsea, em Manhattan, outro no Brooklyn -de onde assisti aos fogos do 4 de julho, o Dia da Independência americana.

Ver Nova York do alto é sempre fascinante. Lembro-me da primeira vez que visitei a cidade, nos idos da década de 1980, quando Paulo Francis era correspondente da Folha —e escrevia seus imperdíveis "Diários da Corte".

Pelo telefone, ele deu a dica: "Chegando, sobe logo no topo do Empire State Building para entender direito onde você está". Segui o conselho e entendi. É o melhor mapa 3D que se pode ver.

Recentemente, visitei outro "rooftop" famoso, o "Top of the Rock", no edifício principal do Rockfeller Center. É um ponto turístico bastante concorrido e, para tudo dar certo, é preciso comprar ingresso e agendar visita pelo site. Mas o cenário, impressionante, paga tudo.

Além desses lugares mais conhecidos e dos tradicionais bares e restaurantes no topo de hotéis, algumas "lajes" reservam programas surpreendentes. Por exemplo: cinema.

Uma turma que já promoveu em outros anos sessões em praias, parques e praças decidiu neste verão ocupar dois terraços no complexo Industry City, em Sunset Park, no Brooklyn. A projeção é no topo, mas a programacão é "underground" (rooftopfilms.com).

Na mesma linha, o pessoal do Subway Sets leva para o alto músicos do circuito subterrâneo. Os shows acontecem em lugares variados, como o "rooftop" do hotel Bowery. Já os mais tranquilos podem aproveitar a temporada para fazer ioga nas alturas -as aulas acontecem no deque do hotel James, no Soho.

De volta aos clássicos, um dos mais queridos da cidade é o "rooftop" do Metropolitan Museum, com suas instalações de arte. A reabertura do lugar, a cada verão, é um acontecimento.

Neste ano, os convidados são o americano Dan Graham -que já teve trabalhos expostos no Brasil- e o paisagista suíço Günther Vogt.

Tudo lindo. E em torno, como dizem por aqui, aquele visual "gorgeous".