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Serafina

Estilista brasileiro da Calvin Klein pensa em ter marca própria

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"Entra, entra. Não repara a bagunça. Ei, não tira foto, deixa eu arrumar a mesa primeiro. Estamos atrasados, ainda não tem uma roupa pronta. Esses dias estão uma loucura."

No alto de um prédio empresarial perto da Times Square, em Nova York, o estilista Francisco Costa, 50, fala e anda apressado entre uma alfinetada e outra da montagem de um dos looks de sua coleção de verão 2015, que seria desfilada sete dias depois, no dia 11 de setembro, na semana de moda de Nova York.

Você pode não se lembrar do nome dele, mas certamente conhece o trabalho. No último Oscar, por exemplo, sua amiga Naomi Watts escolheu um dos vestidos cuidadosamente modelados e quase sempre monocromáticos que ele cria.

Não lembra? Então, você deve, pelo menos, conhecer a marca em que ele é diretor criativo das coleções femininas há 11 anos: a Calvin Klein.

Estilista brasileiro mais bem-sucedido no mercado internacional, Francisco Costa foi o responsável por manter de pé e renovada a imagem da marca, ícone do minimalismo sexy, após a aposentadoria fulminante e inesperada do seu fundador, o estilista americano Calvin Richard Klein, 71 (que, em 2003, vendeu seu nome e sua marca ao grupo PVH).

A reportagem de Serafina acompanhou a rotina de Francisco por três dias durante a New York Fashion Week (entre 4 e 11 de setembro), das provas de roupas da nova coleção até o pós-desfile. Durante a correria, o mineiro que diz sentir falta "da vida simples e brejeira" de Guarani, sua cidade natal, na zona da mata de Minas Gerais, dá pistas de como conquistou a elite do prêt-à-porter.

"Colaboração, inovação, destemor", diz um letreiro de neon pregado na parede do seu escritório, minimalista como a cartilha da grife e recentemente harmonizado com "feng shui", técnica oriental usada para organizar o ambiente e trazer vibrações positivas.

"Nem passo muito tempo aqui [no escritório]. Uma hora tenho de fazer social na abertura de uma loja na Ásia. Na outra, dentro da sala de costura [único lugar em que ele não permitiu fotos]", diz Francisco, ajeitando o ramo de arruda ("que ganhei no Réveillon, lá na nossa terra") posicionado em cima de uma estátua egípcia comprada num antiquário.

VIRADAS DE ESTILO

O ano novo trouxe novidades para ele. Além da troca de chefe -em março, o ex-presidente da Calvin Klein, o americano Tom Murry, cedeu o posto para outro americano, Steve Shiffman, que atuava como diretor da área comercial da empresa-, o estilista passou a colocar em suas criações, "de forma orgânica, sem seguir tendências", tecidos e texturas feitos à mão, que têm relação direta com suas origens.

A Minas Gerais de Francisco é um dos maiores polos de moda "hand made" do país. Lá, na fábrica de roupas infantis que sua mãe comandava, ele cresceu vendo o trabalho preciso de costura posto na confecção das peças. "Era natural eu seguir carreira na área. Fui para Nova York [em 1985, sem saber falar inglês] na cara e na coragem", conta.

Entre uma passeada e outra com cães da elite nova-iorquina -bico que ajudava a complementar os US$ 500 de mesada enviados por sua família-, ele estudava no Instituto de Tecnologia da Moda.

Sua primeira grande virada aconteceu quando passou a trabalhar com o estilista dominicano Oscar de la Renta, 82. Lenda da alta-costura no tapete vermelho, Oscar ofereceu um estágio a Francisco na linha Pink Label, especializada em roupas de festas, no final dos anos 1980. Ficou seis anos ao lado do seu mentor até que, em 1998, o americano Tom Ford lhe convidou para trabalhar na grife italiana Gucci.

"Conheci o Calvin Klein logo que saí da Gucci, em 2001. Ao mesmo tempo, havia sido chamado para assumir o posto de Oscar de la Renta na direção da [grife francesa] Balmain. Mas um amigo me contou das dificuldades financeiras da marca naquela época e não aceitei o convite. Por muito pouco não mudei o rumo das coisas."

Francisco tinha medo de aceitar a proposta de Calvin Klein para comandar, ao seu lado, a divisão feminina da marca.

"Era assustador, para mim, trabalhar ao lado de Calvin. Ele foi um revolucionário no seu estilo de fazer moda", diz. "Mas o fato de ele amar o Brasil [Klein tem apartamento no Rio] colaborou para a parceria funcionar." Um ano depois, o chefe deixava nas mãos do assistente parte considerável do seu legado.

PASSO CERTO

"A fórmula para me manter na Calvin Klein foi, além de entender o negócio e não querer mudar a identidade da marca, imprimir meu estilo pouco a pouco. Nunca quis copiar o incopiável [o próprio Calvin Klein]. Hoje, ele e eu somos amigos e, às vezes, nos vemos por aí", diz Francisco.

No fim do último desfile, que teve na plateia as atrizes Sarah Jessica Parker e Rooney Mara, e apresentou uma coleção de uma sensualidade velada em comprimentos longos e silhuetas confortáveis para o dia e para a noite, o brasileiro, sempre vestido com roupas claras, recebeu os convidados e a imprensa com um sorriso largo.

"Já não tenho a ansiedade dos jovens estilistas", diz. Será que isso significa que ele já tem confiança suficiente para lançar uma marca própria?

"Quem não quer ter a própria grife", brinca, um tanto desconfiado. "Como seria o estilo? Iiih... Aí, você já quer detalhes demais."

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