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Serafina

Blindar-se para barrar a chegada do futuro é cilada

Manuela Eichner
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Estive em um evento de cinema em Cancún no qual uma centena de jornalistas especializados tem acesso a diversos artistas. Neste ano, a fronteira entre os dois lados se mostrou tênue como nunca: uma dupla de alemães não socializava e, ao ser indagada sobre quem iria entrevistar, não compreendeu a pergunta. "Não vamos entrevistar ninguém. Nós viemos aqui porque achávamos que iriam nos entrevistar", disse um deles.

Os garotos são, pelo que contaram, celebridades on-line em seu país de origem -YouTubers. Eu e um colega de "velha mídia" achamos engraçado, mas logo veio a sensação de sermos dinossauros andando sobre a Terra.

A humanidade luta o tempo todo para não ficar obsoleta. Mas o Brasil hoje vive uma constante e inútil guerra contra o inevitável. Taxistas batem em motoristas que utilizam o Uber. O presidente de uma operadora de celular diz que um aplicativo de comunicação on-line é "pirataria". A Ancine estuda mais formas de taxar serviços de streaming de vídeo, como o Netflix, e de hospedagem barata, como o site Airbnb.

Novas empresas e serviços precisam ser regularizados. Mas não pense que todas seguirão modelos tradicionais de negócios. Este é o novo mundo. E ele já está velho. O Brasil não pode virar uma redoma presa à era medieval. Precisa explorar o futuro o quanto antes. Não apenas em tecnologia, mídia ou transporte. Enquanto ainda estamos discutindo comunismo e capitalismo, o mundo nos atropela com o "consumo colaborativo" ou a "economia compartilhada".

Não é fácil evitar sair de linha. Mas lutar para manter o status e impedir a chegada do futuro talvez seja a forma mais errada de blindagem. Ou você já viu um jornalista criando vírus para acabar com a internet? Ou um carteiro ameaçando tirar o Facebook do ar? Tivemos alguém querendo banir o Google, mas essa é uma outra história.

Até mesmo a cultura pop lida com esses problemas. Estamos vivendo a era das refilmagens e das sequências, e isso terá um preço no futuro. A série "True Detective", da HBO, por exemplo, passou de "a coisa mais genial já inventada" para a "mais obsoleta" em pouco tempo.

Como diria Thomas Ligotti, um dos escritores que influenciaram Nic Pizzolatto, autor de "True Detective": "É fascinante como uma loucura obsoleta às vezes é adotada e estilizada em uma tentativa de preservá-la sobrenaturalmente. Estes são os dias de fantasias de segunda mão e histeria antiquada."

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