Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
Publicidade

Serafina

O microfone que tocou nos lábios de Nina Simone, Ray Charles e B.B. King

Arte
Microfone modelo SM58, usado no Bourbon Street Club
Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Ele foi acariciado por Nina Simone, sentiu a respiração quente de Ray Charles, esteve apertado pelas mãos de Ed Motta, tocou os lábios de Tiê e balançou para a frente e para trás guiado por B.B. King. Não são muitos os que tiveram contato com tantas estrelas da música como o Shure SM 58 (com fio). Trata-se do microfone mais utilizado nas apresentações do Bourbon Street Music Club, casa de shows de São Paulo que recebe, principalmente, artistas de jazz e blues há 22 anos.

Existe uma infinidade de marcas e modelos de microfone: para diversas entonações vocais, para bateria, para instrumentos de corda etc. Fabricado desde 1966 pela norte-americana Shure Incorporated, o SM 58 é considerado o parâmetro para vocalistas. É bom e barato. Pelo preço que custa (no Brasil, em torno de R$ 1.100), oferece qualidade semelhante à de modelos mais caros. O Neumann KMS 105 que Cassandra Wilson fez questão de trazer para seu show no Bourbon Street pode chegar a R$ 3.000.

Por ser universal, o SM 58 do Bourbon Street é aprovado pela maioria dos músicos que sobem àquele palco. Alguns artistas, como Diane Schuur, carregam o equipamento consigo pelo mundo. A cantora americana evita usar outros microfones porque certa vez não conseguiu suportar o "bafo" de um deles durante um show.

Na casa paulistana, o SM 58 (com fio) convive com primos como sua versão sem fio e colegas de outras marcas como Sennheiser e AKG. Todos dormem em um gaveteiro de madeira e espuma. São limpos sempre com pano seco -jamais com pano úmido ou álcool, que podem danificar o globo de metal que protege a cápsula que capta o som da voz.

Sergio Mota, 52, é técnico de som há 33 anos e responsável pela qualidade sonora do Bourbon Street desde que a casa abriu. Ele fecha a cara quando lembra de vocalistas que passam o show cantando com a boca grudada no equipamento -como o trio norte-americano Mahogany Blue. "A saliva estraga completamente o globo. Apodrece a espuma que fica em seu interior. Somos obrigados a trocá-lo."

Quem é bom mesmo, avalia Mota, canta a uma distância de dois dedos do microfone. "Quando o cantor deixa o microfone muito afastado da boca, é insegurança. Se cantar muito perto do globo, pode distorcer o som."

Entre os bons que utilizaram o SM 58 da casa, estão o guitarrista John Pizzarelli, o pianista Dr. John e o multi-instrumentista Hermeto Pascoal, além dos que abriram este texto.

O SM 58 é um equipamento robusto perto de outros modelos de microfones. Pesa quase 300 gramas, mas precisa ser tratado com cuidado. Se bater em algo ou cair no chão, será grande o risco de ser danificado de modo permanente.

Quando termina um show, o microfone é o primeiro equipamento a ser retirado do palco. É o temor de que, por ser facilmente manipulado, algum malandro passe a mão. Já aconteceu uma vez na história do Bourbon.
Além dos que inundam o SM 58 com saliva, Sergio Mota se contorce de raiva daqueles que se exibem rodando o microfone pelo palco. "Sempre deixam cair no chão. É uma vergonha."

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Envie sua notícia

Siga a folha

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página