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Serafina

Irmãos ingleses usam água do rio Tâmisa para produzir diversas cervejas

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Em Londres, o rio Tâmisa está virando cerveja. Ou ao menos a parte dele que está sendo utilizada pelos irmãos Thomas e Daniel Lowe para produzir a bebida, em um galpão ao lado de uma linha de trem na zona sul da cidade.

Tom e Dan, criadores da cervejaria Fourpure, mergulharam na química para descobrir como alterar a composição da água. Ela tem aspectos diferentes em cada lugar porque recebe substâncias conforme passa pelo subsolo e pelos rios. No laboratório, esses elementos são identificados e unidos em pacotes, chamados de perfis. "Desconstruímos a água para deixá-la pura e depois incluímos os perfis", explica Tom, enquanto serve seu produto vindo de torneiras na parede. Acima delas, há um mapa-múndi que mostra a "origem" dos seis sabores vendidos.

Avener Prado
Breaking Breja - Química por Rafael Balago - Com uso da água do Rio Tâmisa, irmãos britânico - Thomas e Daniel Lowe - recriam em laboratório cervejas típicas da Austrália e da Alemanha#serafina93
Com uso da água do Rio Tâmisa, irmãos recriam cervejas típicas da Austrália e da Alemanha

A maioria vem dos Estados Unidos e nenhum da América do Sul. "Podemos fazer uma pilsen alemã ou uma pale ale australiana a partir do perfil de água desses locais, criados em nosso laboratório", conta Thomas. "Criamos estilos". Para eles, não se trata apenas de vender cerveja, mas, sim, de criar uma marca que tenha orgulho de ser londrina e que surfe na onda de produtos verdes.

"Entre as mais vendidas, temos a Pilsner Lager, difícil de fazer, e a Session IPA, com pouco álcool, ideal para tomar vários pints, ir para casa e conversar com a mulher", explica Tom, com desenvoltura. Ele, 35, formado em geografia e o irmão, 38, engenheiro mecânico, faziam cerveja em casa como passatempo e decidiram transformar a atividade em negócio há dois anos. "Sentíamos que as pessoas queriam cervejas mais complexas."

Aos sábados, a cervejaria abre para os clientes, que podem comprar latas por 2 libras cada uma (mais de R$ 11) ou tomar um pint na hora. Vez ou outra, há comida, como queijos e hambúrgueres para serem consumidos junto com a produção local.

A dois passos das torneiras, ficam imensos tonéis metálicos, canos e fios usados na produção. Qualquer fã de "Breaking Bad", série sobre Walter White, professor de química que fabrica drogas em laboratórios ocultos, sente-se por um instante no ambiente da série.

Tom, que veste uma jaqueta amarela na visita, está acostumado com a comparação. "Toda hora chegam pessoas e perguntam se nós na verdade não estamos produzindo metanfetamina".

Enquanto White precisava criar mil formas para esconder sua atividade secreta, os irmãos Lowe usam a criatividade para encontrar maneiras de tornar a produção ambientalmente adequada. "Usamos latas de alumínio mais fino que o tradicional e dispensamos o vidro, pois a embalagem mais leve poupa combustível durante a entrega, além de gelar mais rápido", detalha Tom. Cerca de 60% da produção é vendida dentro de Londres e outros 10% são exportados.

"Como muitas pessoas da nossa geração, pensamos sobre sustentabilidade. Mas isso ajuda comercialmente: conseguimos espaço mais fácil em lugares como o Whole Foods, que vende comida saudável", diz Tom. A lista de lugares que vendem a marca já beira 800.

Outras medidas são usar a água da chuva para lavar o chão e devolver os tambores de produtos químicos ao fornecedor, que os reutiliza nas entregas seguintes. A dupla também envia o material orgânico que sobra da fabricação para alimentar animais em fazendas.

A Fourpure também reduziu o gasto de água na produção, mas ainda pode melhorar. Do total consumido, 66% vêm de rios da região de Londres (incluindo o Tâmisa) e 33% de um aquífero. Quando começaram, a fábrica demandava 28 litros de água para cada litro de produto. Hoje, a proporção está em 5 para 1. Na Ab-Inbev, maior cervejaria do planeta, a escala de produção e as décadas de pesquisa conseguiram reduzir essa taxa para algo próximo de três para um. Os rios precisam ser bebidos com moderação.

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