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Serafina

Filho de Hortência, João Victor sobe no cavalo para se preparar para Rio-2016

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João Victor ainda aprendia a se firmar sobre suas perninhas quando ganhou do pai seu primeiro cavalo. De tão pequeno, não conseguia ficar sentado na sela. Tinha de ser preso ao animal para dar voltas pelo haras da família.

Quando já estava na escola, sonhava acordado com os amigos de quatro patas, ansioso para voltar às baias. As notas não iam muito bem, mas, cada vez que montava, mostrava mais destreza. O garoto já era um cavaleiro.

Filho do empresário José Victor Oliva e da ex-jogadora de basquete Hortência, João Victor, 20, uniu duas grandes paixões dos pais, cavalos e esporte, e as transformou em profissão.

É hoje um dos principais atletas do país no adestramento —modalidade em que o cavaleiro conduz o animal fazendo-o executar movimentos coreografados. Campeão sul-americano e bronze por equipes no Pan de Toronto, em 2015, é um dos favoritos a representar o Brasil na Olimpíada do Rio, em agosto.

O atleta recebeu a Serafina no haras do pai, em Araçoiaba da Serra (SP). Na sala, aberta para uma bela pista coberta e decorada com troféus, medalhas e fitas, não há mais espaço livre nas estantes e nas paredes.

João Victor acabara de chegar de viagem e nem havia visitado a mãe. Pisou em São Paulo e foi direto para um festival de cavalos no interior. Montou, ganhou uma competição de berrante e terminou a noite ouvindo moda de viola. Os funcionários do haras dizem que é sempre assim: ele não para quieto.

Bem diferente do que mostrou em seguida, ao subir no cavalo. A personalidade agitada deu lugar à concentração. De uniforme, sereno e controlado, manejou o animal como um veterano. Duas facetas que têm convivido em harmonia desde cedo.

"Quando estava na escola, de segunda a sexta eu só pensava em montar no fim de semana", relembra João Victor.

Incentivado a competir desde cedo, o garoto começou a mostrar bons resultados treinado por Rogério Clementino, primeiro negro do Brasil a se classificar para a Olimpíada no adestramento, em Pequim-2008. Antes de se tornar cavaleiro, ele trabalhava limpando as baias do haras.

"Meu sonho era ser igual a ele. Eu assistia ao que ele fazia e me encantava, acabou sendo uma inspiração. Sou grato por tudo que me ensinou", diz João Victor.

A outra inspiração é a mãe. "Você cresce vendo o histórico dela de campeã e acaba querendo fazer parte disso."

Christian von Ameln
Puro Sangue --- Serafina 94

Hortência sentiu um alívio duplo ao perceber que o filho seria atleta. Primeiro, por acreditar que o esporte é importante para a formação e para a educação dos jovens. Segundo, porque a escolha não foi o basquete.

"A cobrança seria muito cruel", diz a campeã mundial em 1994 e prata em Atlanta-1996. Hortência não dá palpites no treinamento equestre do filho, mas o aconselha sobre a vida de atleta. "Ela me fala para ter cuidado com redes sociais e doping. Conta como é a rotina na Vila Olímpica e diz que não devo ficar só jogando bilhar e pingue-pongue por lá. Fala para eu me concentrar, dormir cedo", afirma João Victor.

O principal passo para concretizar o sonho de ir a uma Olimpíada foi dado há cerca de dois anos, com sua mudança para a Alemanha. Na pequena Möhnessee, onde vive, ele teve de aprender a se virar sozinho. Ainda sai de casa com a roupa amassada e apela muito ao macarrão nas refeições, mas não passa apertos. Mais difícil foi se adaptar à nova rotina com o renomado técnico Norbert Van Laak. "Meu treinador foi militar, então ele é bem rígido. É alemão ainda por cima! Aí complica bem a situação do brasileiro", brinca.

A ideia da mudança foi tomada em conjunto pela família. Para os pais, foi difícil decidir tirá-lo da escola. "Mas esporte é momento, e achamos que lá ele teria as melhores chances. Quando voltar, pode pensar na faculdade. Se não, tudo bem. Que fique perto dos cavalos que é o que o faz feliz", diz José Victor Oliva.

Na Europa, João Victor compete contra os melhores do mundo. Neste ano, terá a companhia do irmão, Antonio, 18. O mais velho já tem a nota mínima necessária para estar na Rio-2016, mas a equipe só será definida nos próximos meses.

Medalha, no entanto, é um sonho distante. No adestramento, os atletas ficam melhores com o tempo e há até idosos competindo. João Victor sabe disso e não tem pressa. Sobre o cavalo, pode esperar o tempo que for preciso.

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