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Serafina

Opinião: Marisa Orth é atriz completa escondida atrás da máscara da comédia

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1988. Um amigo antenado me levou para conhecer uma das muitas bandas novas que agitavam a cena paulistana naquela época. O Luni não se parecia com nada: oito integrantes, meninos e meninas, um som impossível de se classificar.

O show começou e as músicas eram mesmo boas. De repente a luz mudou, e o tal amigo me disse: "É agora".

Entrou no palco uma moça alta, num sumário baby-doll. Ela não tinha uma voz cristalina, mas sua interpretação era arrebatadora. Engraçada e trágica ao mesmo tempo, Marisa Orth se entregava a "Johnny", uma canção sado-masô inspirada nos textos de Boris Vian. Eu saí atordoado, e nunca mais me recuperei.

No ano seguinte, aquela turma cult chegou à Globo: o Luni gravou "Rap do Rei", tema de abertura da novela "Que Rei Sou Eu?". Mais um ano e a própria Marisa foi contratada como atriz pela emissora, fazendo a Nicinha de "Rainha da Sucata".

A novela não foi bem no Ibope, mas Marisa impressionou. Sua personagem -uma moça recatada que, abandonada pelo noivo, se transforma numa divertida piranha- lhe valeu o prêmio APCA de revelação de 1990.

Foi o suficiente para que a TV a rotulasse como comediante. O que de fato ela é: sim, a melhor atriz cômica de sua geração. Com sentido de "timing" e capacidade de improviso inigualáveis, como demonstra todo ano ao apresentar o "Show do Gongo" do festival Mix Brasil. Habilidades que ela lapidou como a Magda de "Sai de Baixo" (1996-2002), até hoje seu cartão de visitas. E que foram aproveitadas na telinha em dezenas de "sitcoms" e humorísticos, além de umas poucas novelas.

Em seu currículo televisivo, há uma única incursão dramática: a sofrida esposa de um político na série "Dupla Identidade" (2014).

O que é uma pena, porque Marisa é completa. Sabe ser séria, como na peça "Três Mulheres Altas" (1995), onde ficou da mesma altura que Beatriz Segall e Nathália Timberg.

Também arrasa nos musicais: teve a maior bilheteria de sua carreira com "A Família Addams" (2012-13), sempre com casa lotada. O espetáculo era uma bobagem, mas a Mortícia criada por ela, fria e glamorosa, mostrou mais uma faceta de seu enorme talento.

O que falta, então, para que Marisa seja reconhecida como uma espécie de nova Marília Pera, com quem tem tantos pontos em comum? Talvez um papel de impacto como a prostituta Suely de "Pixote" (1980), que revelou Marília para o resto do mundo.

Mas esse tipo de comparação não leva a nada. Marisa Orth é ela mesma, e ainda tem muito o que fazer. Espero continuar atordoado.

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