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Serafina

Alfaiate de políticos e candidatos, Ricardo Almeida é unanimidade

Deco Cury/Folhapress
Estilista Ricardo Almeida, responsável pelo visuais de celebridades e políticos
Estilista Ricardo Almeida, responsável pelo visuais de celebridades e políticos
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Há algo em comum nos armários de Fernando Haddad, prefeito petista de São Paulo que tenta a reeleição, João Doria, candidato neófito do PSDB à prefeitura paulistana, e Andrea Matarazzo, vice na chapa peemedebista de Marta Suplicy no mesmo pleito: o nome de Ricardo Almeida.

O alfaite paulistano de 61 anos é unanimidade política. Veste situação, oposição e até homens afastados de seus cargos, sem queimar sua imagem com nenhum dos lados. Apesar de seu nome ecoar pelos três poderes, Almeida jura que só foi contratado por um político brasileiro: Lula. Em 2002, ajustou a silhueta dos ternos do petista, que apresentava rejeição entre as mulheres.

Houve também "um outro candidato da América que tinha o mesmo 'problema' de rejeição". "Não falo o nome dele porque o povo [do seu país] não pode saber que a roupa foi feita por um estrangeiro." Se ele ganhou? "Claro, roupa influi em eleição. Como acha que [o ex-presidente, Fernando] Collor foi eleito? Com aquela roupa e aquela imagem, ele já estava eleito antes da eleição."

O estilista é um exemplo raro de alguém que transita com facilidade entre os mundos 'fashion' e corporativo. O bom relacionamento fez com alcançasse a marca de 2.600 ternos produzidos por mês e 300 camisas por dia. A nova sede da empresa, no Bom Retiro, foi inaugurada no dia 20 do mês passado com um grande desfile e deve, se tudo sair como planejado, dobrar esses números.

O espaço de 7.800 m² é três vezes maior do que a antiga fábrica. O novo alvo é o público feminino, fatia ainda tímida do negócio e que, hoje, conta apenas com uma loja em São Paulo.

Num ano em que os números da indústria da moda no Brasil foram negativos, o estilista se mantém no topo de vendas com um crescimento ininterrupto, parte pelo fato de o mercado de moda masculina no país ainda ser pujante. "O dinheiro não sumiu, porque se muita gente perde, alguém vai sair ganhando, certo?"

A outra parte da história é o estilista midiático. Desde que começou a cortar, nos anos 1990, passou a ser etiqueta oficial de artistas como Raul Cortez (1932-2006) e Edson Celulari. Meio Projac vestiu a causa (e as camisas, os ternos, as polos) e se tornou uma esquadrão de modelos informais da etiqueta.

Mas nada é feito na permuta. "Muito artista vem pedindo roupa pra casar dizendo que vai sair em capa de revista. Se eu fosse dar de presente pra todo mundo, falia. Cobro até da Globo."

Um "corte Almeida" - silhueta ajustada, lapela estreita e tecido importado - custa uma média de R$ 2 mil, preço mais baixo que os dois dígitos das grifes internacionais. "Tem terno de R$ 13 mil também, mas aí é o top do top."

APARTIDÁRIO

Tão top quanto a clientela que frequenta seu ponto da rua Bela Cintra, em São Paulo, endereço mais nobre dos 17 espalhados pelo país. A loja, ele brinca, é "apartidária".

Os provadores espaçosos foram frequentados por todos os medalhões da política, do tucano Aécio Neves ao petista Jacques Wagner. O pernambucano Eduardo Campos, morto em 2014 durante a corrida presidencial, também cortou panos por lá.

"Nunca convenci político nenhum a usar minha roupa. Eles vêm até mim e usam. Atendo Eduardo Suplicy, mas também atendo Supla", diz o estilista, citando o político e seu filho roqueiro.

Distante do debate político e preocupado como cada frase sua pode chegar aos ouvidos dos clientes, Almeida não fala em valores. Tampouco atendeu o pedido da Serafina de analisar a roupa dos prefeituráveis de São Paulo por achar "deselegante" apontar erros na escolha do guarda-roupa.

Mas cita o empresário João Doria como exemplo dessa relação semiótica entre a roupa e a imagem pública. "O Doria na Lide [grupo empresarial do qual é dono] é engravatado, já em campanha, é outro, mais simples. O ponto é que quem elege é o povo, não a elite", diz. Em um encontro com amigos, Doria foi aconselhado a maneirar no uso de suéteres de cashmere.

"Mas te digo que, se fosse político, só usaria azul. Terno marinho, camisa branca ou, no máximo, azul claro. O azul deixa a pele mais bonita e o branco dá lisura. O político, assim como um banqueiro, por exemplo, tem de passar credibilidade, não ser 'fashion' demais."

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