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Serafina

Alfaiates de 'Poderoso Chefão' estreiam no cinema nacional em 'Real'

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Mafiosos, políticos, agentes secretos e corretores da bolsa não são tão diferentes uns dos outros quanto parecem ser. Pelo menos no cinema, todos usam a mesma roupa: um costume Scabal.

Desde que Marlon Brando e a família Corleone apareceram em "O Poderoso Chefão" (1972) com smokings da grife belga, encomendados pelo diretor Francis Ford Coppola, o acrônimo de Sociedade Comercial Anglo Belga Alemã Luxemburguesa não saiu mais dos guarda-roupas de Hollywood, da elite empresarial e das monarquias.

Tem xeque árabe que procura os tecidos produzidos com pó de diamante, tem empresário afim de parecer o corretor interpretado por Leonardo DiCaprio em "O Lobo de Wall Street" (2014), e até presidente com vontade de dar uma de James Bond, da cinessérie "007", com um conjunto da marca.

A grife preferida dos "chefões" do cinema e da vida real chegará pela primeira vez ao circuito brasileiro com o lançamento de "Real - O Plano por Trás da História". Com previsão de estreia para o dia 25 deste mês, o longa de Rodrigo Bittencourt versa sobre o poder, aqui, o do economista Gustavo Franco, um dos idealizadores do plano econômico que pôs fim à hiperinflação de 1993 no país.

Do orçamento de R$ 100 mil destinado às roupas do filme, a figurinista Marielle Vasconcellos usou R$ 30 mil para uma encomenda "simples" de três costumes e camisas Scabal grafadas com monogramas, tudo para abastecer o conciso guarda-roupa cênico do ator Emilio Orciollo Neto.

É ele quem dá vida ao economista que ascendeu dos corredores da Puc-Rio, onde lecionou, aos de Brasília, quando a convite do ex-professor e então presidente do Banco Central Pedro Malan integrou, em 1993, o grupo de especialistas em política econômica que fundou o Real.

Dois costumes típicos dos 1990, pretos e de silhuetas largas, e um outro, grafite, justo e combinado com camisa azul, serviram para ilustrar a evolução de Franco em sua busca pelo sucesso.

"Precisava dar a ele protagonismo na tela. O personagem deveria se destacar dos demais, e isso fica visível na construção dos costumes com pesponto na lapela, tecido estruturado e botões caseados da marca. Ele tinha de parecer 'o cara'", diz Marielle.

Os ternos foram cortados por Vasco Vascocellos, alfaiate autorizado pela Scabal para atender aos clientes da marca no Brasil. Foi ele quem levou a estética artesanal da alfaiataria para o visual de Orciollo, que, segundo a figurinista, se opõe aos ternos industrializados dos outros personagens.

DISNEY LONDRINA

E é essa sina pelo poder e pela customização -tudo na marca é feito para o corpo do cliente- que os homens parecem procurar nas vitrines da Scabal da rua Savile Row, em Londres.

Pela estreita ruela preenchida com as casas de alfaiataria mais exclusivas do mundo e carros de luxo ocupados por motoristas à espera dos chefes que foram às compras, uma porta dá acesso à Disneylândia particular dos abastados.

A Serafina teve de esperar quase uma hora para falar com Ricky Ahora, o gerente da loja que, pacientemente, escolhia com um cliente o tecido de uma peça a caminho do corte. Parece pouco tempo se forem levadas em conta as mais de 200 combinações possíveis, entre as mais de 4 mil misturas de lã, cashmere, seda, linho e outras matérias-primas cruas produzidas nos teares da marca.

Na badalada loja há pouca ostentação e nenhuma referência aos filmes que a Scabal vestiu.

À primeira vista, o ponto é mais um comércio bem organizado por cores, tecidos e conjuntos para ocasiões especiais. Quando tocadas, as araras se transformam em brinquedos para aqueles que gostam de sentir as diferenças de gramatura e luminescência dos tecidos.

Um smoking chega a custar R$ 250 mil e um conjunto sai por R$ 20 mil em média na loja londrina.

"Quem nos procura quer se sentir poderoso, fazer que a roupa expresse sua personalidade e que ela seja realmente diferente do que se encontra em lojas comuns", explica Ahora, enquanto mostra um pedaço de tecido impregnado de pó de ouro disputado pelos clientes do Oriente Médio.

"Cada nacionalidade tem um gosto em se tratando de tecidos, mas todo mundo quer o mesmo estilo inglês, mais rígido e sóbrio. Diria que os homens, em geral, estão sempre querendo parecer mais masculinos."

Nem por decreto real ele revela os nomes dos clientes, mas confirma as notícias de que a realeza, o presidente americano Donald Trump, o jogador
David Beckham, o rapper Eminem e o novo queridinho da Grã Bretanha, o ator Benedict Cumberbatch, do filme "O Jogo da Imitação", já frequentaram os provadores comandados por ele.

"Faz parte do nosso trabalho manter a discrição, até porque não importa se entra um presidente ou um jovem trabalhador comum. Eles sangram do mesmo jeito, têm a mesma preocupação com a altura, o peso ou o tamanho dos seus iates. Quando baixam as calças, os homens são todos iguais."

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