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Serafina

"Se eu estivesse nos EUA, seria quatrilionário", diz André Abujamra

Camila Svenson/Folhapress
Músico André Abujamra em seu apartamento no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Músico André Abujamra em seu apartamento no bairro de Santa Cecília, em São Paulo.
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André Abujamra está de molho. Fez uma cirurgia para a retirada de pele em excesso e o conserto de algumas hérnias, mas sua cabeça musical não acompanhou o ritmo desacelerado do corpo.

Aos 52 anos, o músico está polindo "Ominda", um projeto de músicas só sobre água, para o qual gravou no mundo todo –oito acordes, por exemplo, são de um flautista indiano e algumas vozes são da Bulgária.

Ele se sentou com a Serafina para falar sobre o trabalho, e a vida, numa tarde de inverno da Santa Cecília, no centro de São Paulo.

Sua música se paga?
Eu estou me pagando com o dinheiro de direitos autorais. Não se paga. Eu nunca vou ter esse dinheiro de volta. Mas é minha vida.

Qual foi o primeiro som que você ouviu?
Eu sou um som. Eu sou do candomblé, e meu nome dentro do candomblé significa Um Barulho. Eu sou um barulho.

E a primeira música que fez?
Eu comecei a fazer música antes de falar. Eu só fui falar com quatro anos, e comecei a ir à escolinha de música com dois anos.

Como é sua relação com a música?
Eu consigo pegar um alfinete e uma igreja e colocar junto. Eu faço conexões sonoras. Eu gosto de tudo mesmo, de colocar Sandy & Junior com Sepultura mesmo. Eu nasci fora da casinha.

É frustrante ser fora da casinha?
Eu tô com 52 anos, cinco casamentos Já fui frustrado, já não fui, agora tô frustrado de novo porque me separei.

A idade ajuda a amortecer essas coisas?
Muita coisa que acontece na vida se repete.A felicidade de novo não te deixa tão feliz e a tristeza de novo não te deixa tão triste. Eu sinto que a molecada hoje está um pouco anestesiada.

Qual é a importância da fé na sua vida?
É total, eu nasci numa família 100% atéia. Eu já nasci indo. Fui a terreiro, budismo, igreja. Acredito que a gente já era alguma coisa. Com dois anos eu tocava piano e não era blim blim blim. Era música.

Qual é o último som que gostaria de ouvir na sua vida?
A minha mãe morreu sofrendo muito, com câner e o caralho. O meu pai morreu dormindo. Eu queria morrer com 30 anões tocando trompete, umas mulheres peladas, uma sinfonia multicultural. Queria morrer no palco, explodindo.

Você teve medo de morrer na cirurgia que fez recentemente?
Sempre dá um pouco. Deve ser muito louco morrer. Deve ser muito legal. A nossa alma não acaba.

O que seus filhos eles lhe ensinam?
O meu filho mais velho, José [Muylaert, 22, que estuda música nos EUA], é um príncipe. Ele consegue as coisas pela gentileza. E o Pedro [Abujamra, 13] me ensina tudo, ele é muito esperto. Sou muito apaixonado.

E o que você ensinou a eles de que mais se orgulha?
Meu pai me falava: "A vida é sua, estrague como quiser". Ele me deu uma liberdade que não se dava para criança. A liberdade é mais severa que a não liberdade. Eu consigo dar essa liberdade para os meus filhos.

Você faz alguma concessão ao mercado?
Quando eu fiz o Karnak, achei que a gente fosse mais famoso que o Skank. Eu não penso nisso, acho que sou uma pessoa popular.

E por que faz música?
Eu tô fazendo pra mim. Porque mina música de mim. Eu tô pouco me fodendo se o cara vai me botar na rádio. Esse negócio de Facebook me dá uma preguiiiça! Tenho 80 mil seguidores. É importante? É. Eu não digo não, mas não me esforço para isso.

Consegue viver bem com o que fez?
Não é que eu seja rico, mas eu já fiz 50 longas-metragens. Se eu estivesse nos EUA, seria quatrilionário. Eu fiz a trilha do "Castelo Rá-Tim-Bum".

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