Dois anos depois de se formar em ciências biológicas, Sofia Gaspari Canela, 29, decidiu virar artista. "Nail artist." Ela usa resina para esculpir unhas finas, como as usadas por Rihanna, em um processo manual novo no mercado.

Há nove meses começou no negócio, quando estava num salão de beleza e a manicure disse que buscava sócios. "Eu não tinha ideia de quanto eu ia gostar." Até então, trabalhava com telemarketing. Antes, tinha sido vendedora de livraria, garçonete do Outback e feito bicos, porque nunca conseguiu trabalhar na área da formação. "A maior parte das empresas queria experiência. Mas como você consegue experiência se ninguém dá a oportunidade?"

Em outubro alugou um ponto próprio na rua Augusta a dois quarteirões da paulista. O investimento já se pagou, e ela faz planos de expansão. "Toda experiência é válida", diz ela, que hoje gostaria de ter levado até o fim o curso de artes plásticas que abandonou após dois semestres.

	Marcus Leoni
	Manicure Sofia Gaspari Canela. A Folha passou oito horas com oito mulheres para o especial de Dia das Mulheres.

8h a 8h30 Processo de acordar

9h Vai para a academia, caminhar na esteira

9h40 Sai de casa, na Liberdade, e pega um ônibus para a rua Augusta

10h Abre o salão. "Trabalhando aqui, eu posso ser quem eu sou, do jeito que eu sou", diz, com seus 10 piercings e tatuagens

10h30 Começa a atender. Cada conjunto de dez unhas leva cerca de uma hora e meia para ficar pronto e custa R$ 120

13h Atravessa a rua Augusta e vai comer um hambúrguer. "Eu geralmente trago marmita, mas esse lugar é bem bom."

14h A segunda cliente atrasou. Ela troca mensagens com o noivo, com quem vai se casar até o fim do ano

16h Recebe mensagens de Whatsapp de pessoas querendo marcar uma primeira sessão. "Cheguei a trabalhar 14 horas em um dia, no fim de 2017"