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Serafina

"Crianças também são racistas", diz colunista Alexandra Loras

Fernando Leal/Folhapress
Ilustração da coluna de Alexandra Loras para a Serafina de setembro-outubro de 2018
Autoridade e afeto contribuem para que crianças repitam comportamentos
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Uma ilusão ronda as casas e as ruas preconceituosas do Brasil: a de que as crianças são puras, livres de racismo e, portanto, inspiradoras de um futuro mais esperançoso para quem acredita num país com igualdade de gênero e sem preconceito.

É uma ilusão, repito, e extremamente danosa para a sociedade.

Há um consenso entre educadores de que, já a partir da primeira semana de vida, as crianças passam a absorver tudo o que lhes cerca. Do sorriso dos pais às expressões de ódio e conflitos, da cultura da igualdade às variadas formas de racismo.

Eis por que é tão fundamental que o trabalho de inclusão —de cor, de gênero, de classe social— comece já na primeira infância. Por causa da autoridade e do afeto, as crianças tendem a incorporar os discursos dos pais e da escola.

Fiz uma pesquisa com cerca de 900 negros de diferentes classes sociais no Brasil, e a esmagadora maioria apontou: grande parte do racismo que enfrentaram veio da escola básica.

É nessa faixa escolar que as crianças se mostram sem filtros e, por isso mesmo, verbalizam o racismo com normalidade. Aliás, expressam a "normalidade" que observam em seus cotidianos.

Nessa "normalidade", faltam protagonistas negros nas novelas, nos livros infantis e nos desenhos animados.

Nessa "normalidade", o padrão familiar são os pais brancos e heterossexuais.

Nessa "normalidade", escolas que se apresentam como defensoras da igualdade de gênero e da aceitação da diferença confundem diversidade com o fato de terem três ou quatro bonecas negras à disposição das crianças.

O racismo que acontece nas escolas é também uma forma de bullying.

Um estudo da ONU feito no ano passado em 18 países contou com a participação de 100 mil crianças e jovens. Metade deles sofreu bullying por razões das mais diversas, que vão da aparência à etnia. No Brasil, a porcentagem chegou a 43%.

Lutar contra tal cultura exige ação e engajamento. Está provado que se o cérebro é exposto a uma ideia por mais de três vezes começa a assimilá-la como verdade.

Isso vale para alguém da família, para um professor ou para um roteirista de TV —por que não pedir a eles, por exemplo, por meio das redes sociais, mais diversidade na cor da pele dos personagens?

Essa é uma maneira de nos engajarmos de maneira direta para tentar mudar a realidade, sem intermediação de governos ou instituições.

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