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Caminho da arquitetura se une ao da sustentabilidade

Pesquisas sobre matéria-prima e análise de dados que ajudam a desperdiçar menos e a criar espaços melhores para as pessoas. Esses são alguns dos fatores que vêm provocando uma mudança de cultura e de práticas na arquitetura.

"Ao escolher um material, analisamos a sua origem, como ele foi fabricado e até se incentivou o desenvolvimento local", diz Carol Bueno, 41, uma das sócias do escritório franco-brasileiro Triptyque, referência em experimentações.

Julia Moraes/Folhapress
23 de setembro de 2016, especial sobre profissões: Na fotoa arquiteta Carol. (JULIA MORAES/ FOLHASP) ESPECIAL
A arquiteta Carol Bueno, do escritório Triptyque

No Studio Arthur Casas, conhecido por projetar grandes residências e estabelecimentos comerciais, uma equipe também dedica parte de seu tempo à pesquisa de materiais.

"Acompanhar sites e publicações de tecnologia, resgatar métodos e materiais de construção antigos e avaliar a combinação desses com produtos tecnológicos fazem parte das nossas atividades", explica Rodrigo Carvalho, 34, coordenador de projetos. "O conceito de sustentabilidade veio para ficar e é irreversível", afirma o arquiteto Arthur Casas, 55.

O uso cada vez mais frequente da plataforma BIM (Building Information Modeling), ou Modelagem da Informação da Construção, em português, também causa transformações.

O BIM soma ao projeto dados sobre consumo energético, quantidade de materiais, interferências externas e muitos outros que podem tornar a obra final mais sustentável, rápida e barata.

"O BIM permite errar menos ao fornecer informações mais precisas e detalhadas da construção", explica o arquiteto João Gaspar, 39, diretor do TI Lab, centro de treinamento que oferece cursos sobre o programa.

Ele conta que viu na área uma oportunidade de negócio. "Temas relacionados ao 3D, como renderização, BIM e fabricação digital estão na ordem do dia e fazem parte do currículo das faculdades mais avançadas do mundo mas, no Brasil, nem todas as instituições tratam do tema."

O professor Marcos de Oliveira, coordenador do curso de arquitetura da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) lembra que o BIM ganhou ênfase quando algumas licitações de obras públicas passaram a exigir o uso do modelo, há cerca de quatro anos, mas reforça que o papel do arquiteto vai muito além da plataforma.

"A premissa do arquiteto é pensar em que tipo de cidade vamos ter para sustentar o crescimento da população, vivendo com saúde e qualidade de vida", afirma Oliveira. Conhecimentos em mobilidade, drenagem urbana, habitação e ambiente ajudam a ter uma noção geral da cidade e são necessários ao trabalho do arquiteto, completa o coordenador.

ARQUITETURA

ONDE ESTUDAR

Centro Universitário Belas Artes, Escola da Cidade, Mackenzie, PUC-Campinas, Unicamp e USP

DURAÇÃO DO CURSO

5 anos

O QUE FAZ

Projeta e organiza espaços internos e externos, como áreas verdes, residências e comércios. Coordena construções e reformas de prédios. Supervisiona equipes de trabalho, realiza estudos de viabilidade técnica e econômica, vistorias, perícias e emite laudos. Profissionais que usam o sistema BIM lidam com configurações de computadores e de rede e softwares como o ARCHICAD, Revit, SketchUp, AECOsim ou Vectorworks

SALÁRIO INICIAL

R$ 3.000 a R$ 5.000

PERFIL DESEJADO PELAS EMPRESAS

Familiaridade com softwares como o BIM, de criação de modelos virtuais de construções, além de lógica de programação. Também são valorizados conhecimentos em mobilidade urbana e impacto ambiental e facilidade para trabalhar em equipe

ONDE HÁ VAGAS

Escritórios de arquitetura e engenharia, instituições de pesquisa, órgãos do setor público, construtoras e incorporadoras que implantaram sistemas de trabalho baseados em BIM

VISÃO DE QUEM FAZ

"Criatividade, observação e informação são premissas básicas para o arquiteto. Percebo os jovens profissionais mais comprometidos com o ambiente. Deixar um legado, uma marca, que era o que perseguia
a minha geração, pode ter se tornado secundário", Arthur Casas, 55, arquiteto

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