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carreira executiva

Formada por profissionais nascidos entre 1980 e 1995, geração Y busca autonomia, valoriza horários maleáveis e se incomoda com lentidão na tomada de decisões

Jovens impulsionam alterações só em parte das empresas, dizem especialistas

É possível dizer que a geração Y alterou substancialmente as estruturas do mundo corporativo?

A resposta é sim. E não.

Para a maior parte dos especialistas, as mudanças têm ocorrido, mas variam conforme a necessidades do mercado e a idade da empresa.

Gestões cada vez mais horizontais e políticas de bem-estar para os funcionários, como horários flexíveis, são as principais transformações impulsionadas pela geração.

No caso da plataforma de delivery iFood, isso se manifesta no ambiente de trabalho, onde os funcionários têm acesso fácil uns aos outros.

"Não existe a sala dos diretores ou a do gerente", afirma Carla Blanquier, diretora de RH da companhia.

Na empresa, criada há apenas cinco anos, a idade média é 29 anos.

"A gente ouve falar que a geração Y não gosta de trabalhar tanto. Eles têm, sim, um engajamento enorme, querem trabalhar bastante e mostram um propósito de crescer. A forma é diferente."

Segundo ela, uma empresa da geração Y é mais "acelerada". "Existe uma sensação de imediatismo, o que demanda mais liderança. As pessoas não querem ser informadas, mas envolvidas."

O iFood nasceu de forma atípica, com um CEO e alguns programadores, sem camadas hierárquicas, até chegar ao modelo atual, mais convencional, com coordenação, gerência e diretoria. Hoje são cerca de 400 funcionários.

"Antigamente os profissionais faziam carreira, aposentavam-se pelas empresas. Hoje, a geração Y quer resultados rápidos. Eles podem até permanecer na companhia, mas querem aprender", afirma Leonardo Reis, 33, CEO da Cedro Technologies, empresa de soluções de software.

Segundo Isis Borge, gerente de divisões da consultoria Robert Half, uma das principais causas de frustração de aspirantes à empresas tradicionais é a demora na tomada de decisões.

Outro desafio dessas companhias mais antigas para atrair os jovens é a remuneração com base na meritocracia, e não pelo tempo de casa, como costuma ocorrer.

De acordo com ela, estruturas horizontais são mais comuns em empresas de baixo investimento inicial ou naquelas cujo ativo principal são as pessoas, como companhias do setor de serviços.

"Companhias que demandaram bilhões para serem criadas, como do setor de infraestrutura, dificilmente vão alterar estruturas que estão dando certo", diz Isis.

Ian Black, CEO da agência de marketing digital New Vegas, questiona a relação entre a idade do gestor e o seu caráter inovador. "Não acredito que haja perfil de liderança associado a geração", diz Black. "O que acontece é fazer com que a cultura da empresa atenda às expectativas de quem lá trabalha."

O professor Joel Dutra, coordenador do programa de estudos em gestão de pessoas da FIA (Faculdade Instituto de Administração), afirma que são questões comportamentais, como maior equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, a maior contribuição da geração Y até agora.

"Não vemos grandes mudanças [sob efeito desses executivos mais jovens], mas ainda é cedo", diz. "O que se observa é uma mudança organizacional não por causa da geração, mas com base em novas tecnologias e da pressão por competitividade."

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Karime Xavier/Folhapress
Diego Borghi, 34, CEO da Ducati do Brasil
Diego Borghi, 34, CEO da Ducati do Brasil

NO TRABALHO, NÃO VIVO SEM... um time extraordinário, o que não significa ter "outliers" [profissionais "fora de série"], mas equilíbrio de perfis, gêneros e cultura -"diversidade" talvez seja a palavra mais adequada. É fundamental dinamismo, flexi-bilidade e a crença de que é possível ultrapassar objetivos

QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA? Ela multiplicou de tal forma o tamanho dos negócios tradicionais que já a incorporamos na rotina. Os meios de pagamento e a comunicação são as formas mais simples de visualizar esse impacto positivo

QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA? Quando há falta de disciplina, como no uso dos aplicativos mais populares (WhatsApp, Facebook, Instagram)

UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Jorge Paulo Lemann [controlador da AB InBev e outras empresas]. Não necessariamente pelo império que construiu com outros executivos. Admiro principalmente a capacidade dele de identificar talentos e colocá-los nos lugares certos. Entender que pessoas fazem toda a diferença é fundamental para ter sucesso

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Karime Xavier/Folhapress
Fernando Matias, 31, CEO da Easy Taxi no Brasil
Fernando Matias, 31, CEO da Easy Taxi no Brasil

NO TRABALHO, NÃO VIVO SEM... um ambiente descontraído e colaborativo. Gosto de estar próximo das pessoas da equipe e tê-las entre meus amigos. Além disso, preciso de um ambiente desafiador

QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA? No nosso caso, a tecnologia é tudo! Tratamos a tecnologia como ferramenta pela qual conseguimos atender melhor nossos clientes. Ela nos ajuda a padronizar processos e ganhar escala e velocidade

QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA?
Não vejo como um problema, mas como solução. Hoje, a grande limitação no processo tecnológico são os próprios limites das tecnologias. Nós, como uma plataforma "mobile" para solicitação de corridas, acabamos muito dependentes de redes de telefonia ou baterias dos celulares

UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Mark Levy, do AirBnB. Desde a chegada dele à empresa, houve uma revolução na forma de lidar com as equipes, procurando garantir um ambiente favorável

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