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carreira executiva

Formada por profissionais nascidos entre 1980 e 1995, geração Y busca autonomia, valoriza horários maleáveis e se incomoda com lentidão na tomada de decisões

Comunicação eficiente ajuda jovem executivo a vencer insegurança

Uma boa promoção no trabalho é sempre bem-vinda, claro. Ao mesmo tempo, vem a insegurança: como assumir um alto cargo ainda jovem e suprir a falta de vivência em momentos decisivos?

Esse desafio se torna mais frequente no Brasil, de acordo com Sandra Dias, coaching de altos executivos e CEO da LPM Global Relations. "Vejo cada vez mais profissionais da geração Y assumirem posições de alta liderança. Quanto menor a idade, mais agressivo é o processo: é preciso provar tudo em dobro."

A pressão para mostrar resultados exige do profissional mais habilidades comportamentais do que currículo. "Hoje o chefe não é temido, ele é seguido. Comunicação, resiliência e flexibilidade são fundamentais", afirma Dias.

Comunicar-se de maneira assertiva e objetiva é uma das ferramentas para ser ouvido pela equipe, ainda que o líder tenha menos experiência do que os subordinados.

"Também é preciso ter humildade para reconhecer que as pessoas estão lá porque têm seu valor e sua história. Temos que saber identificar onde eles podem render mais para a empresa", aconselha José Picolotto, 32, CEO para a América do Sul da Kemin Saúde e Nutrição Animal.

Ele foi convidado a assumir a presidência da multinacional em novembro de 2014, depois de trabalhar por dez anos na EMS. Entrou na farmacêutica como vendedor, tornou-se supervisor aos 22 anos de idade e deixou a empresa como responsável pela área internacional de desenvolvimento de negócios.

"Começar como representante comercial não era o sonho de quem queria ser executivo, mas sabia que me daria ótima visão do mercado."

Além de favorecer várias promoções na farmacêutica, o conhecimento de todas as áreas de um negócio contribuiu para que a subsidiária sul-americana da Kemin crescesse três vezes mais do que o mercado e dobrasse de tamanho durante sua gestão.

Para o CEO, estudar o setor e participar de reuniões de entidades setoriais e de classe também o auxiliam a ter bons resultados. Além disso, ele sempre formou equipes de pessoas com experiência, para ajudá-lo nas decisões.

"Em todas as promoções que recebi, sempre tive um bom nível de confiança para delegar às pessoas", diz.

Compor conselho com profissionais de diferentes idades e visões ajuda o jovem chefe a adquirir visão mais ampla dos negócios e a compensar a falta de maturidade.

"Nenhum líder conduz sozinho a organização e quem se articula bem com os outros apresenta resultados superiores", afirma Leni Hidalgo, professora da pós-graduação em Gestão de Negócios e Pessoas do Insper.

Conhecer de perto as diferentes áreas da empresa ajuda a suprir a curta vivência profissional.

"Maturidade se acelera pelo tipo de experiência: viver problemas, trabalhar com as mais diversas pessoas, encarar desafios diferentes, viver frustrações no ambiente de trabalho. Isso não se adquire nem com MBA nem indo pro exterior", pondera Hidalgo.

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Karime Xavier/Folhapress
José Piccolotto, 32, CEO para a América do Sul da Kemin Saúde e Nutrição Animal (empresa de biotecnologia)
José Picolotto, 32, CEO para a América do Sul da Kemin Saúde e Nutrição Animal (empresa de biotecnologia)

NO TRABALHO, NÃO VIVO SEM... uma equipe formada por pessoas interessadas e com energia

QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA? Sempre! Não sei como seria possível trabalhar sem ela porque o acesso a informações é muito maior. Considero tudo o que pode trazer inovação para os negócios

QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA? Quando a pessoa não sabe filtrar o bombardeio de dados que recebe ao longo do seu dia. Quando o profissional vive para os aparelhos e esquece de gerir as pessoas

UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Carlos Sanchez, dono da empresa farmacêutica EMS, por tomar decisões rapidamente e ser um visionário

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